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Conflito à vista



Seja quem ganhar esta eleição, uma situação vai se tornando cada vez mais visível: estamos entrando em um novo período das relações de poder.

A acidez que o candidato da oposição procura dar à campanha, usando de "todos" os recursos da mídia, além de "questões morais" e religiosas, manipulando mesmo igrejas evangélicas e a Catolica, mostra que este clima não terminará no dia 31/10/2010.

A política de "vencer a qualquer preço" que a oposição está colocando na agenda, obriga reação firme da candidatura  Dilma. Isto desnuda a política de alianças costurada pelo governo com suas nuances, desde os verdadeiramente fiéis em tudo, até os que ali estão por conveniência.

É possível notar esta distinção, mantendo a todos no mesmo bloco, por consciência de que, alterações deslocam estes apoios para o outro lado, o que é pior. No seu livro "A Arte da Guerra"  Sun Tzu, traz ilustrações muito interessantes a este respeito, em como lidar com o inimigo.

O próprio Mao Tsé Tung, em seus escritos, deve ter se baseado nesta obra quando afirma, baseado em sua experiência de lutas, que muitas vezes é mais seguro manter o inimigo por perto, do que  não vê-lo, e ser surpreendido, quando menos se espera.

Acredito, com sinceridade que a Igreja Católica e as Igrejas Evangélicas deram um tiro no pé ressuscitando a questão do aborto. Se num primeiro momento esta questão desgastou muito a candidatura Dilma, que surpreendida, pois nunca em 8 anos de governo se tocou nisto, repentinamente  tornou-se a "assassina de criancinhas", favorecendo o salvador Serra na fatura deste "genocídio petista".

Creio que, agora, em qualquer circunstância, há autoridade moral de todas as forças envolvidas nesta questão, para apresentá-la no Congresso Nacional, reivindicando um Plebiscito para a população decidir. E , pasmem, questão levantada pelas igrejas, para descontruir a candidatura Dilma. É o efeito bumerangue, que tem chances de voltar.

Serra não esteve em nenhuma festa de comemoração do 1 de Maio de 2010. Por escolha pessoal de reduzir o arco de representação, Serra e o PSDB, rodeoaram-se mais do empresariado, deixando uma treva para com a sociedade. Assim, os sindicatos, principalmente as Centrais Sindicais se uniram, e  tiveram conquistas consideráveis durante o governo Lula, onde prevaleceu o diálogo. Tem sido anos de concentração de poder para o movimento social.

Os sindicatos não ficarão parados vendo suas conquistas serem retiradas, se houver alteração nas relações de poder. Por outro lado, vencendo Dilma, devemos considerar que seja possível uma alteração na conjuntura mundial, não mais passando propostas que contemplem conjuntamente setores produtivos e classes trabalhadoras. Assim, é dormir com um olho aberto...

É de se ressaltar o ressurgimento do ódio de classe deflagrado pelo empresariado descontente, sobre o governo e a população. A possibilidade do golpe foi retirada do arquivo morto, e convites tem sido sinalizados aos militares. É assunto que merece registro.



Olhando com lupa a História de nossa República pendular, notamos períodos de vida democrática e outros de autoritarismo. São tempos de duração longa, onde gerações inteiras viveram livres ou sob a botina e a repressão.

Se o Governo continuar caminhando na construção de uma experiência popular, é evidente que novos passos deverão ser dados, para garantir a ampliação do mercado interno, com uma nítida opção pelo crescimento econômico com trabalho e distribuição de renda.

Mas também com ampliação da Reforma Agrária, com o fortalecimento da presença estatal no setor financeiro, e a recuperação de empresas que foram entregues ao capital internacional. A questão da miséria é cláusula Pétrea, que precisa ser perseguida até ser arraigada.



Foi o Bolsa família que fez o povo perceber que o Governo Lula era realmente um governo popular, por ter feito uma escolha pelos mais pobres.

Se a direita ganhar, o movimento social irá para as ruas, e viveremos tempos de lutas e riscos de grandes retrocessos politicos, pois o Governo irá desconstruir as conquistas, e isso terá suas consequências. E, como penso que será, com a vitória de Dilma, novos desfios se colocarão, para alcançarmos novos patamares de conquistas, sendo que as forças conservadoras agirão com muito mais virulência para impedir. Dizendo claramente, tentarão o golpe.

Assim, o panorama não creio que seja tão favorável, como o foi nos 8 anos de Lula. Vejo que deve-se avançar na política do Brasil para os brasileiros, versus o Brasil para as elites. Isto exigirá uma presença maior e constante do movimento social.

Fico por aqui.

  

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