Anoitecemos

Nós que sempre anoitecemos
e olhamos distantes os acontecimentos com os olhos do passado,
perdemos a lógica do tempo.

Onde foi a vida ao não viver a periferia,
não diversificar-se.

Quão difícil construir uma verdade sempre relativa.
Quantos não me a apresentam agora, e surpreendo-me?

O tempo convive com o tempo,
e escorre um passado teimoso.

As vozes que se levantam disformes
despertam o outro lado
de minha ordem subversiva.

As vozes que gritam separadas
são como orações evangélicas,
dissonantes e juntas.

Guardo o grito por enquanto
porque se perde na solidão humana.
Quero algo maior, inimaginável
inaceitável
.

Nós que sempre anoitecemos
e olhamos, distantes, os acontecimentos.

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