terça-feira, 3 de agosto de 2010

SIRENE DAS SEIS

No embalo da sacola
sacode o coração
por aquele vestidinho macio,
contrário da máquina e do brutalhão.

Sim,
ali vai toda perfeita,
com a silhueta cheia
e a cintura estreita,
fazendo tapete do chão.

No bar
a vista ainda acompanha
a total ignorância de quem vai;
e não tendo,
conhecendo a sanha,
pensa mal e diz um: "Sai"!

Então vem a cachaça...
soma de cansaço
submissão
desistência
e ódio,
jogando minério de alcool
no forno estomacal.

E, quando o dia se apaga,
lá vai junto o operário,
sem rosto
nem gosto
esquecido do mundo
para sua casa tosca.

Fotos da mãe na parede,
vazinho de plantas de plástico,
café aguado e morno.

Oh! Amor de oprimido,
ejaculado num banheiro em construção,
com o sexo arrebentado,
por uma secretarinha
de nariz arrebitado.

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