Estou impressionado com a quantidade de eleitores de Dilma, Mercadante e Marta, que param por aí, e "esquecem-se" de que a coligação tem um candidato negro, da periferia, cantor, de briga, chamado Netinho .
É impressionante notar que pessoas que se dizem "progressistas", deixam subsistir, no substrato de suas personalidades uma mancha discriminatória, preconceituosa, a mesma contra a qual Lula tanto lutou para conquistar seus objetivos políticos.
Dá a impressão de que se "vai sujar as mãos com um candidato de pagode, que sorri, quando deveria estar circunspecto num matiz de revolta "fingida"(porque o dindin vem e arrefece a revolta verdadeira).
Sim, porque, nós os mais antigos sabemos que, quando se lutou de verdade contra a repressão, o que mais queríamos era conquistar um mundo de felicidade para o povo, que vivia num período de trevas.
Netinho, que tem demonstrado grande disposição de campanha, já deve ter notado que o gueto é bem maior do que ele esperava, e em parte se coloca entre os chamados "progressistas", que se silenciam sobre a opção negra, debochada e brincalhona de Netinho. Sim, porque dos racistas tradicionais nós já sabemos como são, mas os "progressistas"....
Outros dizem que o Netinho não é "puro sangue", isto é, não veio pelo caminho normal de ascenção partidária tradicional, ou não é "operário", tudo isto recheado de explicações que tentam ser racionais. Nada mais inconsequente.
Netinho é legítimo filho do povo, volto a dizer: legítimo filho do povo, de família pobre, da periferia, que lutou por conta própria para ter sucesso na vida, o que lhe rendeu a imagem pública.
Seu público durante toda a sua projeção foi e é até hoje, voltada para o povo da periferia, as meninas pobres que sonham com uma realização pessoal, romântica, familiar, mas não podem ser reconhecidas em seus sonhos porque são "cafonas" para as classes médias paulistanas, tão requintadas e superioras.
Fazem até expressão de asco quando citam o nome do negão em suas presenças, mas toleram outros candidatos que nós bem conhecemos, que aproveitam a sopa toda.
Pode haver uma esclerose política, por debaixo de alguém que se acha "progressista"? Pode e existe bastante. São aqueles que vêem a política sempre da mesma maneira, que repudiam as candidaturas chamadas esdrúxulas, como as do tiririca, da mulher pera, etc, porque o padrão seria um advogado com Romeu Tuma ou Quércia, um quatrocentão. Mas a política é para todos, gostem do padrão ou não, isto é democracia. Lógico, em suas omissões "escandalizam-se" dos que se lançam no embate político
O Navio Negreiro de Castro Alves foi a denúncia de um tempo. Qual é a denúncia dos dias de hoje? O silêncio, diante da discriminação de Netinho de Paula? As correntes foram ou não foram arrancadas? Pelo jeito....
Ora, é preciso abrir a mente e aceitar o novo que se renova constantemente, em vez de manter padrões que já não respondem a nova realidade sócio-cultural do Estado de São Paulo e do Brasil, e a juventude tem um papel fundamental para superar estes pensamentos carcófagos.
Penso que ainda é hora de se fazer um ato em DESAGRAVO A NETINHO DE PAULA, de sua candidatura, submetida a forte racismo e preconceito de classe, dissimulado e explícito.
A Unegro, e outras entidades de defesa da negritude precisam gritar bem alto contra esta discriminação deslavada, que permeia até pessoas que se consideram de "esquerda", se assim se puder dizer.
São Paulo precisa mudar de cor!
Que um branco possa ser substituído por um negro!
Que um cantor da periferia possa ser respeitado com a mesma consideração dos outros candidatos, em vez de ser escanteado nas conversas dos sujos que se acham puros.
Paro por aqui
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