SOBRE A VERDADE


julho 23, 2024


A verdade dói, 


quisera não dizê-la. 


Calar-me?


Não posso.  


A maioria não suporta. 


A verdade exclui 


seus defensores, 


mata-os.


A verdade 


se afirma 


como necessidade 


de consciência, 


livra do padecimento 


coletivo, 


prisioneiro.


A verdade 


não tem hora 


nem lugar, 


embora desejem 


acorrentá-la 


num tempo determinado, 


em lugar seguro.


A verdade 


nunca estará segura, 


porque atinge 


o centro do poder, 


estará sempre 


em risco.


A verdade 


não tem limites, 


mexe e remexe 


estruturas individuais 


e coletivas, 


incluindo 


quem a proclama.


A verdade 


não pede licença,  


por mais suave 


que possa 


tentar parecer, 


sempre fará o mau 


sentir-se ofendido, 


com ódio.


A verdade 


não consegue 


esconder-se, 


ainda que tentem 


deixá-la 


do lado de fora.


A verdade 


mora no mais profundo 


do coração do homem 


e da mulher, 


às  vezes adormecida, 


outras vezes confusa 


diante de tantas falsidades.


A verdade 


é limpa, 


direta; 


não precisa 


de penduricalhos 


para se expressar.


A verdade é sã, 


sadia; 


está ligada 


a natureza 


plena do ser.


A verdade 


é realizante,  


mesmo perseguida, 


contradição 


inerente,


obrigatória.


A verdade 


não dorme. 


Quem dorme 


é o ser humano.

Comentários

Anônimo disse…
Muito bonito, João!
Maristela disse…
Bonito, muito bonito, João Paulo.

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