PORTAS FECHADAS

Ainda passo 

tranca nas portas,

Ainda tenho 

medo do homem.


A noite 

desvenda 

relações,

expõe 

a realidade 

íntima 

da descrença.


Crença na descrença.


A distância sempre dói.


Os inodoros são os que mais doem...

depois, os que apreciam a inimizade,

Por fim os que perseguem, os maus.


Existe toda sorte de trancas de porta 


Não tenho medidas 

para tornar-me

aceito, 

desregrado 

que sou.


Como podem 

acreditar em mim? 

Fecham os cadeados...


À noite fogem 

os cavalos alados 

dos estábulos 

diurnos,

aboliram  

os dentes.


Revelam 

os desaparecidos

fortuitos:

temperamentos,

e ideologias

sobrepostos 

à razão,

ao sentimento,

produzem muros 

intransponíveis.


Medidas 

definidas

definham;

surpreende

sua volatilidade:

extrema intimidade, 

extrema estranheza.


Uma estrela cadente 

contou-me o mito 

do desejo suspenso:

Está posto 

na falta 

de crença 

em si, 

depois, 

nos outros.


A tranca na porta...


Ninguém entra,

Ninguém sai.


Vulneráveis 

fraquezas 

corroem mitos, 

desabam edificacões.


Se soubessem 

ser fracos,

a verdade humana...


Mas não!


Trancam a vida.

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