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17 em cada 100 brasileiros pensam em suicídio

Terminar esta experiência de vida, depois de esgotadas as alternativas de solução que nunca vem. Entre na mente do suicida, e compreenda melhor este assunto...mas não se mate.


Retirado do IG

No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, especialistas alertam para aumento do fenômeno e avisam: “quanto antes se detectar, mais fácil prevenir”

Renata Reif - iG São Paulo 

No Brasil, estima-se que haja uma média de 25 suicídios por dia. Uma tentativa aumenta em 50% a chance de uma segunda investida. E mais de 90% dos casos estão ligados a problemas de saúde mental. Como se fala muito pouco sobre o assunto -- salvo quando um caso como o do músico Champignon ganha as manchetes -- os indícios do suicídio, considerado um tabu social, são mal conhecidos.
"Entre 1980 e 2010, oficialmente 195.607 pessoas se suicidaram no Brasil, o equivalente a três bombas atômicas como a de Hiroshima", contabiliza o o sociólogo Gláucio Soraes, professor e pesquisador do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da UERJ, em artigo publicado na Revista Inteligência em edição de junho de 2012. “Ainda que condenado por muitas religiões, produto de desvios tenebrosos da nossa alma, o suicídio recebe menos atenção do que os eventos catastróficos”.
A única forma de evitá-lo é adotar estratégias de prevenção e, para isso, é preciso conhecer os sinais.
Getty Images
Suicídio: prevenção é limitada pelo tabu

“Estão envolvidos em uma tentativa de suicídio os fatores predisponentes, como genética, psiquismo do indivíduo, círculo social, ambiente familiar e até religião. E os precipitantes, aqueles fatores que motivaram o ato”, diz José Manoel Bertolote, autor do livro “Suicídio e sua Prevenção” (Editora Unesp) e especialista em psiquiatria da Unesp em Botucatu.
Mas 90% dos casos de suicídio estão atrelados a algum problema de saúde mental, como depressão, transtornos de personalidade, alcoolismo, abuso de drogas, bipolaridade ou esquizofrenia, entre outros.
“Quem fala não faz” é um mito comum sobre o suicídio. A maioria dos suicidas dá sinais claros de que vai se matar. “São praticamente anúncios. Normalmente os mais jovens são mais diretos. Eles verbalizam claramente, ou avisam pelas redes sociais, por email. Já os mais idosos são mais sutis. Eles se despedem distribuindo posses”, diz Bertolote.
Há também os sinais indiretos, que precisam ser decodificados. Um tipo de sinal, neste caso, é começar a colocar a vida em risco, como abusar de álcool e drogas, dirigir de forma irresponsável, brincar com armas de fogos perigosas. São os chamados suicidas passivos.
Para Karen Scavacini, gestalt terapeuta e mestre em saúde pública de promoção de saúde mental e prevenção ao suicídio, outro mito é relacionado ao tabu que cerca o tema: perguntar se a pessoa pensa em se suicidar não a induzirá ao ato. Ao contrário, falar sobre o assunto pode salvar muitas vidas. “Se você ficou desconfiado diante dos sinais, pergunte a ela: 'você está pensando em se matar?' Faça então um encaminhamento desta pessoa. Não precisa ser só para o psicólogo ou para o psiquiatra. Pode ser para o padre, o diretor da escola, o agente comunitário, o bombeiro”, aconselha Karen.
Getty Images
Detectar os sinais precocemente aumenta as chances de salvar uma vida

Um estudo realizado pela Unicamp detectou que, no Brasil, 17 de 100 pessoas pensam seriamente em se matar. Com o silêncio que cerca o tema, a abordagem do suicídio como problema de saúde pública ainda engatinha. “Não existe no País saúde pública que dê conta deste fenômeno. A Estratégia Nacional de Prevenção continua até hoje no papel. O médico da unidade básica deveria ser o primeiro a detectar indícios”, diz.
Na Europa, as taxas de suicídio estão diminuindo porque a prevenção funciona. Já nos Estados Unidos foi lançada a campanha “Amigo bravo é melhor que amigo morto”, para incentivar os jovens a não manterem segredo e contarem o que sabem sobre as intenções dos colegas. “No Brasil, simplesmente não se fala no assunto”, completa Karen.
A gente procura entender por que a pessoa quer desistir de viver. Para o copo não transbordar, precisa esvaziar o que ela está sentindo antes
Mudança brusca
A voluntária do CVV Adriana Rizzo, que dedica quarto horas por semana para ouvir e aconselhar pessoas que pensam em se matar, diz quemudanças bruscas de comportamento são as principais pistas que o suicida dá. “Eram pessoas muito tímidas e, do nada, ficam muito agitadas. Também acontece uma retirada da vida social, um isolamento, ou abuso de álcool e drogas“, alerta.
Além da mudança de personalidade, ligue o alerta quando notar grande alteração alimentar ou de sono, sentimento de desvalor e desesperança. Pessoas que tiveram perdas recentes,como mortes, divórcio, histórico familiar de suicídio ou que tiveram diagnóstico de doença grave, fazem parte do grupo de risco.
O quanto antes se detectar, mais fácil prevenir. “Bem como intervir em crises”, conta a voluntária Adriana. “O nosso trabalho é oferecer atenção e conversar com a pessoa sobre um assunto que ela quer dividir e não consegue, pois se sente julgada, criticada. Ao desabafar e compartilhar o que está lhe afligindo, ela se sente valorizada. A gente procura a entender por que ela quer desistir de viver. Para o copo não transbordar, ela precisa esvaziar o que está sentindo antes”.
R
O músico Champignon, encontrado morto na madrugada de segunda

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