CHOVE?... NENHUMA CHUVA CAI... | |||
Chove?.. Nenhuma chuva cai...
Então onde é que eu sinto um dia Em que o ruído da chuva atrai A minha inútil agonia? Onde é que chove, que eu o ouço? Onde é que é triste, ó claro céu? Eu quero sorrir-te, e não posso, Ó céu azul, chamar-te meu... E o escuro ruído da chuva É constante em meu pensamento. Meu ser é a invisível curva Traçada pelo som do vento... E eis que ante o sol e o azul do dia, Como se a hora me estorvasse, Eu sofro... E a luz e a sua alegria Cai aos meus pés como um disfarce. Ah, na minha alma sempre chove. Há sempre escuro dentro em mim. Se escuto, alguém dentro em mim ouve A chuva, como a voz de um fim ... Quando é que eu serei da tua cor, Do teu plácido e azul encanto, Ó claro dia exterior, Ó céu mais útil que o meu pranto?
© FERNANDO PESSOA
1-12-1914 In Cartas de Fernando Pessoa a Armando Côrtes-Rodrigues, 1944 Ed. Confluência, Lisboa (3.ª ed. Livros Horizonte, Lisboa, 1985) |
Eu que moro na Lopes Chaves , esquina com Dr.Sérgio Meira, bebendo atrasado do ambiente onde Mário de andrade viveu, e cuja casa é hoje um centro cultural fechado e protegido a sete chaves (que ironia) por "representantes" da cultura, administrada pela prefeitura... Uma ocasião ali estive, e uma "proprietária da cultura" reclamou que no passado a Diretoria da UBE - União Brasileira de Escritores, da qual fiz parte, ali se reunia, atrapalhando as atividades daquele centro(sic). Não importa, existem muitos parasitas agarrados nas secretarias e subsecretarias da vida, e quero distância desta inoperância. Prefiro ser excluído; é mais digno. Mas vamos ao importante. O que será que se passava na cabeça do grande poeta Mário de Andrade ao escrever "Quando eu morrer quero ficar". Seria um balanço de vida? Balanço literário? Seria a constatação da subdivisão da personalidade na pós modernidade, ele visionário modernista? Seria perceber São Paulo em tod...
Comentários
Deus abençoe!
Abraço!!!
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