Se vocês não sabem, faço parte da Pastoral da Saúde da Igreja há aproximadamente uns 25 anos, sempre no mesmo local: a Ortopedia do HC.
Recentemente deixei de ir, devido as dificuldades surgidas para acompanhar meu filho, que luta, com uma fé crescente, contra uma doença agressiva.
Hoje, entretanto, voltei ao meu hábito semanal de ir ao HC aos sábados à tarde.
Encontrei o Jofre e a Bete, dois irmãos de fé, dedicados ao serviço do Senhor.
Sim, sou um militante comunista e sou um cristão católico praticante.
Não vejo grandes contradições, que existem, entre estas duas condições.
Ao contrário, vejo mais, imensas coincidências, concordâncias.
Bem, aqui não é o momento para eu desenvolver este tema, polemizar.
Prometo que aí para a frente volto a este.
Hoje, no HC, Deus preparou-nos para situações em que nossa presença fosse necessária.
Fizemos a leitura do Evangelho do dia, na liturgia diária, onde é citado o Magnificat, em Lucas; a visitação de Maria a Isabel, esposa de Zacarias.
Ali aparecem frases do tipo, "Feliz aquela que creu, pois o que lhe foi dito de parte do Senhor, será cumprido"Lc1,45.
Que frase poderosa.
Poucos assumem estas palavras e usufruem de seus resultados.
Mais para a frente..."Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso. Depôs os poderosos de seus tronos, e os humildes exaltou. Cumulou de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias." Lc.1,51-53.
Acho que a pessoa de Maria, Nossa Senhora, muitas vezes é vista de maneira destituída de sua verdade, sua presença corajosa, de mulher perseguida e lutadora.
Estas palavras mostram bem como era a comunidade lucana primitiva.
Uma comunidade de pobres e marginalizados que encontrava no cristianismo o seu refúgio, e em Maria a pessoa que encarnava este pensamento.
E tinha misericórdia.
Voltando à visita ao hospital, fizemos a reflexão e a oração obrigatórias e preparatórias para a visita, e fomos aos quartos.
E o que encontramos, logo no primeiro quarto?
Uma família reunida ao lado de um doente dando o seu último suspiro, o Senhor João.
A esposa, 4 décadas de convívio, saiu do quarto tão logo ele faleceu.
Não tiveram filhos, viveram um para o outro
A cunhada permaneceu, em prantos.
Não tenho coragem de repetir o que falei para a família, pois sei que sou incapaz de dizer o que disse sem que o Espírito me movesse.
Não conseguiria dizer isto para mim, se estivesse acontecendo comigo.
Consolamos a todas.
Depois, fomos a outros quartos.
Por fim, nos separamos e cada um foi para o seu lado.
O senhor que faleceu chamava-se João.
Sua esposa me disse que ele a preparou para a sua morte.
Morreu mansamente, docemente.
Não nego que, após tudo, algumas lágrima corriam de deus olhos.
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