Nada

Não me peçam nada!

Não faço!

Não sai nada.

Não me passa nada
na cabeça,

Não perguntem 
o porquê.

Não há explicação.

Talvez
 o excesso,
de vulgaridade
invadindo
o monte
da vida:
apaga, 
obscurece
emudece
despreza
corrói
enfada.

Nada
produz,
reduz

Fecho a porta
do quarto,
como um velório,
alta madrugada,
viro o corpo
de lado,
dividido,
meto o travesseiro
por cima
da cabeça,
e espero,
como espero, 
o amanhecer,
 oportunidade
de voltar 
a mim.

Quem sabe 
esqueça
 quem 
realmente
sou.

Um nada
que
se imagina
tudo.








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