Desperta-me, minha irmã,
segure o tempo um pouco mais,
enquanto pesquisamos
conchinhas coloridas
deixadas nas areias úmidas da praia.
Percorramos este vasto campo
onde se esvai o caminhar
entre as margaridas,
enamoradas da relva homogênea,
destacam-nas...
Lembra-te? desaparecemos nelas...
Alça-me além
dos escombros inevitáveis
nestes teus beijos líquidos,
pesquisam linguas extintas,
adiam meu féretro.
Querida irmã, alma minha!
Tu és a marca
formada em meu rosto,
fotografia em que me revelo
inteiramente em ti,
passos de meus tropeços,
tão constantes
imagem que me distrai,
despenca no caminho.
Leva-me junto a ti,
incapaz de ti,
carente de ti.
Amada irmã,
enciuma-me o beijo
matinal do Sol,
o banho noturno
de afagos
da Lua...
te acompanham
em minhas ausências,
velho e pequeno
Lembra-te de como
percorremos em silêncio
as grandes distâncias
dos ocasos,
tudo se encaixava
como azulejos azuis,
Tudo era possível!
Onde tocávamos
encontrávamos vida,
mesmo nas pedras,
impecáveis
disformes...
Agora a hora se despede...
mostra-me então a noite,
sigamos este pouco juntos,
sonâmbulos do amanhã,
olhemos o entorno construído,
como reagimos
aos clamores que ouvimos,
ainda ecoam,
como choramos o mundo...
certos de não errarmos o destino.
Venha!
Ainda temos história nas mãos...
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