sábado, 22 de novembro de 2025

ALMA MINHA

 


Desperta-me, minha irmã, 

segure o tempo um pouco mais, 

enquanto pesquisamos 

conchinhas coloridas 

deixadas nas areias úmidas da praia. 


Percorramos este vasto campo 

onde se esvai o caminhar 

entre as margaridas, 

enamoradas da relva homogênea, 

destacam-nas...


Lembra-te? desaparecemos nelas...


Alça-me além 

dos escombros inevitáveis 

nestes teus beijos líquidos, 

pesquisam linguas extintas, 

adiam meu féretro. 


Querida irmã,  alma minha!


Tu és a marca 

formada em meu rosto, 

fotografia em que me revelo 

inteiramente em ti, 

passos de meus tropeços, 

tão constantes

imagem que me distrai, 

despenca no caminho. 


Leva-me junto a ti, 

incapaz de ti, 

carente de ti.


Amada irmã, 

enciuma-me o beijo 

matinal do Sol,  

o banho noturno 

de afagos 

da Lua...

te acompanham 

em minhas ausências, 

velho e pequeno


Lembra-te de como 

percorremos em silêncio 

as grandes distâncias 

dos ocasos, 

tudo se encaixava 

como azulejos azuis, 


 Tudo era possível!


Onde tocávamos 

encontrávamos vida, 

mesmo nas pedras, 

impecáveis 

disformes...


Agora a hora se despede...

mostra-me então a noite, 

sigamos este pouco juntos, 

sonâmbulos do amanhã, 

olhemos o entorno construído, 

como reagimos 

aos clamores que ouvimos, 

ainda ecoam, 

como choramos o mundo...

certos de não errarmos o destino.


Venha! 


Ainda temos história nas mãos...

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ALMA MINHA

  Desperta-me, minha irmã,  segure o tempo um pouco mais,  enquanto pesquisamos  conchinhas coloridas  deixadas nas areias úmidas da praia. ...