Aprendi a apagar o passado,
jogando tudo no lixo,
com um simples toque
no celular.
Observei como é fácil,
eu que gosto de guardar...
De fato,
guardar um passado
morto,
dá imenso trabalho,
posterior,
em se livrar.
Ameaçou-me
a caixa de recados,
repleta,
deixar tudo
o que faço suspenso,
parado.
Como sobreviver desantenado,
eu maior que a tecnologia?
A contragosto,
adaptei meus juízos
às regras
da sobrevivência
mídiática,
vez por outra
eliminando tempos,
pessoas,
elementos...
Estranha ética
midiâtica,
voraz e prática,
indiferente,
sem sentimento.
Algum dia
estarei também
lotando a caixa
de recados de alguém,
que me excluirá
pela lixeira,
e voltarei,
desta vez eu,
a ser ninguém.
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