Ó parte de mim,
que me deixaste,
por onde andas?
Trazias as espumas,
arrebentação constante
de ondas,
desprezavas
sua imensa contenção,
mar indomado...
Tinhas palavras extraídas
dos regatos cristalinos,
antes que as águas
se ajuntassem caudalosas
no afã diário.
Mantinhas a pureza
da verdade,
caminhavas altiva,,
intocada presença
divina de si.
Nada abalava
seu lânguido percurso,
pés seguros,
fronte erguida,
Nada a amedrontava...
admiravas os portões,
guardavam segredos,
preferias os campos abertos,
sua incursões
eram sempre novas...
Parte de mim, onde andas?
Um dia, se me lembro,
ou foi ao longo do tempo?
sem mais, saistes,
para não mais voltar,
deixando-me,
de presente,
a realidade.
Sua leve despedida
foi percebida
tardiamente...
retendo vida
por onde passou,
disfarçando a ausência.
Esforço-me por encontrá-la
em meu cotidiano,
sei que ainda anda
a vagar por ai,
dona de si,
integrada.
Alerta-me
das grandes distâncias
das teorias...
a simplicidade da vida
Deixa-me escritos,
onde decifro
seu belo labirinto
de surpresas,
desperta-me
madrugada afora
Parte de mim,
convida-me a percorrer
novamente contigo
os caminhos,
nem que seja
em versos
despertos
noturnos
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