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Jovem com Síndrome de Down tira nota máxima no vestibular italiano


Enrico Cancelli foi mais forte que as dificuldades
ROMA, quarta-feira, 18 de julho de 2012 (ZENIT.org) - Enrico Cancelli, jovem de Trieste, no nordeste italiano, deu um pontapé nas limitações impostas pela síndrome de Down e tirou a nota máxima no esame di maturità, que serve para a admissão à universidade e equivale, de certa forma, ao vestibular brasileiro.
Diploma profissional
O momento da virada para o estudante veio em 2009, quando ele começou a usar uma técnica que permite superar as lacunas entre a capacidade cognitiva e expressiva.
Enquanto aperta nas mãos o seu certificado de aprovação, Enrico sorri, perplexo e travesso. É o mesmo sorriso que ele mostra minutos mais tarde, posando para as fotos com a professora e com o conselho. O exame é um desafio para todos e o primeiro grande encontro com a vida. Mas para Enrico Cancelli, os encontros com a vida começaram bem antes.
A síndrome de Down, combinada com uma severa dificuldade de comunicação, transformou numa cruel ladeira acima o que para outros é a estrada normal da vida. Mas a resiliência é uma virtude que não falta para Enrico. O sucesso na escola é apenas o seu teste mais recente.
Seguindo um percurso misto, reduzido em tempo, mas não em qualidade, Enrico trabalhou em uma empresa de Monrupino, acompanhado pelo tutor Haron Marucelli, que o preparou para a criação de ovinos. A criação de ovelhas, aliás, foi o tema do exameem que Enricoconquistou a nota máxima. E será também a área em que ele quer trabalhar no futuro.
Comunicação facilitada
Enrico Cancelli aprendeu a técnica da comunicação facilitada, implementada na Austrália nos anos 1970 graças ao trabalho de uma associação de apoio a portadores de necessidades especiais.
Nascido com a síndrome de Down, Enrico foi uma criança feliz nos primeiros anos de escola, propenso a cantar e a brincar. Na adolescência, porém, veio a consciência da diversidade e começaram os primeiros golpes morais. Ele se fechou, parou de falar, parou de cantar. Deixou de se comunicar. "A reviravolta no caminho da aprendizagem, e da vida, veio em 2009, quando nos aproximamos da técnica de comunicação facilitada, que foca nas pessoas pessoas deficientes que têm transtornos de linguagem", explica Bianca Mestroni, mãe de Enrico.
A comunicação facilitada serve de ponte entre as competências cognitivas e expressivas, usando teclados ou letras do alfabeto. “É necessária a presença de um facilitador: uma pessoa treinada que, sem intervir, sustenta a mão, o punho, o cotovelo ou o braço do paciente para que ele digite em um teclado de computador”, explica Michela Manca, professora de Enrico. O objetivo final é que o paciente conquiste a autonomia comunicativa que lhe falta.
"Eu sofria como um cachorro"
Assim que conseguiu se comunicar com os outros, Enrico contou um pouco do acúmulo de sofrimentos que suportou durante anos.
Desde 2009, ele renasceu. Apenas três meses após o início da experiência, Enrico escreveu: "Até agora, eu não sabia como responder, e sofria como um cachorro na minha deficiência". Duas pessoas o acompanharam na trajetória de maneira muito especial: a professora Michela, que está com ele desde 2009, e Gianna Stabile Bonifacio, sua guia espiritual que o ajudou na catequese e a editar o boletim da paróquia.
Sem a comunicação facilitada, Enrico era descrito como portador de "um grave retardo mental". Depois da experiência, Enrico escreveu na primeira página do seu exame: “Monrupino, oásis feliz onde encontrar a paz e os sonhos dourados de poéticas aspirações! Empregarei todos os meios para permanecer e trabalhar em terras assim tão férteis, correndo irresistivelmente rumo à minha vida resgatada!”.
 (Tradução:ZENIT)

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