Além de perdoá-lo, esta mãe o visitou na prisão e lhe
falou do amor de Deus
falou do amor de Deus
27.05.2014
Clotilde Silva conta que, na tarde de 27 de fevereiro de
2008, na localidade de Isla Teja (Valdivia, Chile), tudo
parecia normal...
“As crianças brincavam na rua, pois todos os vizinhos se
conheciam – recorda. Era como uma família grande, não
existiam dúvidas ou desconfianças.”
Este era o estilo de vida dessa pequena comunidade rural
chilena. Mas naquele dia, à medida que a noite ia caindo e
as crianças voltavam para suas casas, ficou evidente que
havia acontecido algo com Sofia e Camila, duas pequenas
amigas de 6 e 7 anos. Elas desapareceram e ninguém
sabia onde estavam.
Clotilde recorda que, ainda que sua casa estivesse cheia
de gente naquela noite de incerteza pela ausência da sua
filha Sofia, ela sentiu uma intensa necessidade de refugiar-se
no Espírito Santo. Sem hesitar, foi até o banheiro,
ajoelhou-se e rezou: “Prepara-me, Senhor, dá-me
forças para enfrentar o que vier”.
“Hoje, vejo que o Senhor já havia me preparado
desde antes, porque fiquei tranquila e serena”, explica, na
entrevista concedida ao jornal Portaluz.
A fé provada na cruz
Nesta oração elevada ao seu “paizinho Deus”, como ela
costuma chamá-lo, não havia somente abandono e confiança.
Quase percebendo o que sua filhinha poderia estar
vivendo naquele momento, Clotilde recorda que sua
oração suplicante continuou: “Senhor, não permitas
que a Sofia sofra! Que ela passe por qualquer coisa,
mas que não sofra!”.
No dia seguinte, Clotilde foi até a polícia para registrar
uma denúncia formal. Mas, ao chegar lá, sua intuição
materna da noite anterior se transformou em certeza:
haviam encontrado os corpos de duas meninas.
Eram Sofia e Camila.
“Eu não quis vê-la – conta. Foi meu marido quem teve
de passar por esse momento. A imprensa me perguntava
se eu havia visto o corpo, mas eu não quis; fiquei com
a imagem alegre e carinhosa da Sofia. Minha filha era
assim e é assim que eu quero me lembrar dela.”
O relatório da autópsia da Sofia foi uma prova de que
Deus havia escutado aquela súplica de Clotilde: “Todas
as atrocidades que o assassino fez à minha Sofia foram post mortem. Deus protegeu a minhafilha da maldade terrenal
e isso é algo pelo qual não deixo de agradecer-lhe”.
Testemunha e apóstolo do perdão
Foi de tal magnitude o impacto emocional do aberrante
sequestro, assassinato e estupro das duas meninas na
comunidade, que rapidamente começaram a chamar
o perpetrador de “O chacal da Isla Teja”. Mas no
coração de Clotilde não havia espaço para o ódio nem
para os apelidos maldosos. “Eu queria mostrar-lhe o
caminho de Jesus”, conta ela.
Foi assim que, no meio do processo judicial, Clotilde
tomou uma decisão que poucas mães tomariam nesta
situação. Ela conversou com o seu pároco, o
Pe. Ivo Brasseur, pedindo-lhe seu apoio e ajuda para
visitar o assassino na prisão.
“Eu queria vê-lo, olhar para os olhos dele e entregar-lhe
o Novo Testamento... o que era da Sofia. Dizer-lhe que
ela o lia e que eu o dava a ele para que também lesse,
porque agora ele teria muito tempo para conhecer Deus.
E também queria que ele aprendesse a orar, para pedir
por todas aquelas pessoas que têm a intenção de fazer
esta maldade. Este era o meu desejo.”
Clotilde não pôde ver a vida de fé do assassino, porque,
oito meses depois de ser preso, ele se suicidou.
No dia em que a comunidade se reuniu no cemitério
para enterrar as meninas – comenta Clotilde –, as pessoas
estavam agitadas e começaram a gritar: “Que matem o
assassino!”. Ela, não conseguindo suportar aquele
espetáculo, pegou um microfone que estava disponível
no local do velório e, dirigindo-se à multidão, disse:
“Eu não quero que o matem, não se deve fazer isso! O
que conseguiríamos com a morte desse homem?”
“Não me lembro de tudo o que eu disse – conta,
emocionada –, mas falei muitas coisas, e só
depois percebi que foi o Senhor quem me fez
falar; Ele me fez levantar e falar às pessoas.”
O triunfo do amor sobre o mal
Naquele dia, toda a comunidade de Isla Teja havia
se reunido e, para Clotilde, isso era um sinal do
amor de Deus e também uma oportunidade
de proclamá-lo.
“Chegaram pessoas de diferentes religiões; era
como um templo maravilhoso orando a Deus,
pessoas unidas em uma fé. Quando me abraçavam,
eu podia sentir, em cada abraço, como o Senhor
me tirava da dor, e eu me apeguei mais ainda
a Cristo, pois Ele ia mitigando essa dor em
cada abraço das pessoas, era algo maravilhoso.”
“Também nunca precisei tomar calmantes,
não quis. Eu estava com Deus e ele estava
comigo.”
Pode dar seu testemunho anos após o ocorrido
é, para Clotilde, uma oportunidade que completa
o dar razão da sua fé: “Deus criou em mim um
coração sem rancor, sem ódio pelas pessoas.
Eu sou uma filha de Deus e quero agir conforme
o Senhor, não como as pessoas. Ele nos diz
que precisamos ser como crianças e recebê-lo.
Quando a pessoa ama de verdade, com o
coração, quando abre o coração a Jesus,
Deus lhe abre as portas, seus olhos brilham
de outro jeito. Mas quando a pessoa está cega,
ainda que tenha ao seu lado a flor mais linda
do mundo, ela não a enxergará”, conclui.
Clotilde, firme na fé, hoje só recorda a alegria
da sua filha. Vive em paz e com esperança.
“Minha Sofia está comigo e um dia eu estarei com ela.”
(Artigo publicado originalmente por Portaluz)
emocionada –, mas falei muitas coisas, e só
depois percebi que foi o Senhor quem me fez
falar; Ele me fez levantar e falar às pessoas.”
O triunfo do amor sobre o mal
Naquele dia, toda a comunidade de Isla Teja havia
se reunido e, para Clotilde, isso era um sinal do
amor de Deus e também uma oportunidade
de proclamá-lo.
“Chegaram pessoas de diferentes religiões; era
como um templo maravilhoso orando a Deus,
pessoas unidas em uma fé. Quando me abraçavam,
eu podia sentir, em cada abraço, como o Senhor
me tirava da dor, e eu me apeguei mais ainda
a Cristo, pois Ele ia mitigando essa dor em
cada abraço das pessoas, era algo maravilhoso.”
“Também nunca precisei tomar calmantes,
não quis. Eu estava com Deus e ele estava
comigo.”
Pode dar seu testemunho anos após o ocorrido
é, para Clotilde, uma oportunidade que completa
o dar razão da sua fé: “Deus criou em mim um
coração sem rancor, sem ódio pelas pessoas.
Eu sou uma filha de Deus e quero agir conforme
o Senhor, não como as pessoas. Ele nos diz
que precisamos ser como crianças e recebê-lo.
Quando a pessoa ama de verdade, com o
coração, quando abre o coração a Jesus,
Deus lhe abre as portas, seus olhos brilham
de outro jeito. Mas quando a pessoa está cega,
ainda que tenha ao seu lado a flor mais linda
do mundo, ela não a enxergará”, conclui.
Clotilde, firme na fé, hoje só recorda a alegria
da sua filha. Vive em paz e com esperança.
“Minha Sofia está comigo e um dia eu estarei com ela.”
(Artigo publicado originalmente por Portaluz)
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