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Assassinato de Fabiane Maria de Jesus em Guarujá: lições a aprender
















Querida amiga Advogada, Poetisa e Escritora Zezé Wagner


Minha lista de amig@s cresce substanciosamente cada vez mais. Agora a amiga qualifica ainda mais essa comunhão de pessoas valiosas, bondosas e justas com sua participação nesta rede de apoios para que cheguemos a um milhão de acessos neste blog e no apoio a Ibrapaz, sua filha. 


Ontem li uma amiga contar que se levantou várias vezes de sua cama à noite, sem conseguir dormir, completamente perturbada com as barbáries praticadas por pessoas que assassinaram Fabiane Maria de Jesus, em Guarujá, litoral de São Paulo. Isso que ela assistiu as senas de horror apenas pela TV, à distância. Minha amiga escreveu que as imagens da turba irada a forçavam a imaginar as dores de Fabiane, uma jovem mulher de apenas 33 anos de idade. Sua imaginação transportou os gritos da multidão e o sofrimento de Fabiane para sua mente, como num filme de horror.


É exatamente isso o que importa, querida amiga Zezé, não nos acostumarmos insensivelmente com a barbárie gerada pela mídia dominante e violenta, seguida cegamente por pessoas desorientadas e abandonadas pelas políticas públicas. 


O que acontece em Guarujá nos ensina no mínimo duas lições: 


1.    que há um clima criado no País para jogar o povo na guerra com base no  modelo “irmãos contra irmãos”. As marcas desse modelo são as da intolerância, da discriminação e a negação do outro, principalmente quando se trata de indígenas, de negros, de mulheres e de pobres, notadamente as pessoas que carregam em seus rostos as marcas desses seguimentos humanos, culturais e sociais. Não é primeira vez que isso acontece, incluindo como uma das causas do tsunami destruidor as polícias brasileiras. Os casos de Amarildo e de Cláudia Ferreira da Silva são representações dolorosas do que a polícia a serviço da elite branca é capaz de fazer. Acentuo que esses dois casos são mais do que duas cobaias da polícia racista e antissocial, por serem pobres e negros; um trabalhador da construção civil e, outra, uma doméstica e moradora de um morro, por muito tempo abandonado pelo Estado a serviço do capitalismo concentrador de riquezas.  Amarildo e Cláudia são símbolos de todo o povo brasileiro cujos problemas sociais eram e são confundidos com questões policiais.


O que aconteceu em Guarujá não foge do núcleo motivador do que a polícia despreparada, carrancuda e odiosa faz em todo o Brasil. Os moradores de Guarujá mataram Fabiane com motivação religiosa, moralista e fundamentalista, características valorativas do conservadorismo que mobiliza a direita a pregar o ódio e a destruição social em todo o País. Essa direita nazifascista tem seus representantes na mídia através da “papagaiagem” de Reinaldo Azeredo e Rachel Sheherazade que ocupam espaços privilegiados para pregar o ódio. O jornalista Paulo Nogueira, no seu blog Diário do Centro do Mundolista frases inteiras que leitores de Azevedo escrevem, acolhidas por este, que lhes abre espaços para divulgar crimes e atentados à democracia e ao estado de direito no G1, um site da Globo.  Veja essa com referência do ex-deputado José Genoíno:  “Alguém tem que matar esse cara!!! Tá na hora de invadir a casa desses políticos e matar todo mundo!!! Eu vou ficar e organizar tudo pela net. Preciso de voluntários para fazer o serviço sujo.”“Morre logo, Genoino!”, ‘brada outro comentarista. Um outro diz que o vaso sanitário deveria ter caído na cabeça de Genoino.’ Hoje a mídia divulga artigo do insano, fanfarrão e falso romântico, o coroa decadente Arnaldo Jabor. Esse medíocre cineasta serve a direita usando linguagem cinematográfica para mentir, enganar e confundir a direita ignorante e iletrada, mas sempre e inegavelmente sob um fundo golpista de quem baba de ódio contra o povo. Jabor é monumentalmente raivoso ao ponto de pregar o golpe militar, sem tergiversar. O comentarista de gestos treinados à frente de espelhos ignora os crimes perpetrados pela ditadura civil-militar no Brasil. Para ele não importam casos como os feitos de Paulo Malhães, um dos maiores torturadores e assassinos da ditadura, recentemente morto provavelmente por companheiros criminosos dele, temerosos que ele abrisse a boca e os dedo durasse à Comissão da Verdade, como na verdade começou a fazê-lo. Malhães contou que torturava, matava e mandava destruir as arcadas dentárias e as mãos dos mortos para que não fossem reconhecidos. Contou que matou Onofre Pinto com uma injeção letal e depois abriu-lhe a barriga e nela enfiou uma caixa de câmbio de jipe para jogá-lo num rio.  As perseguições de Jabor são a tradução verborrágica de Malhães, que faz pela TV, por jornais através de artigos sujos e de comentários de rádios contra patriotas brasileiros, além de pregar o golpe de Estado, incita o povo a excluir líderes políticos contra quem nutre ódio, rancor e contra quem mente e calunia. Jabor anseia o retorno dos tempos neoliberais de entrega do País aos interesses dos que somente almejam enriquecer e a acumular privilégios com o empobrecimento do povo, dos trabalhadores. O cineasta decadente advoga que o poder de Estado seja entregue a correntes impatrióticas e a “políticos” de moralidade pessoal duvidável. Nota bem amiga Zezé, não sou moralista ao ponto de achar que os problemas pessoais devam se misturar à vida pública dos cidadãos. Porém, é verdade que as pessoas são nas suas relações pessoais o que são socialmente. Jabor, quando interessa aos negócios abjetos, tenta fazer o povo brasileiro de bobo ao defender que a direção do País deva ser entregue a um cidadão que é parlamentar num Estado da Federação Brasileira e vive de bebedeiras, de festas, de consumo de cocaína noutro Estado, belo por suas praias e exposição ao sol, já que o seu Estado original não dispõe dessa riqueza natural. Jabor, mesmo nos tempos de luta a favor dos direitos das mulheres, insaciável pelo retorno da direita, não se importa que seu candidato tenha em seu currículo a mancha de homem que bate em mulher. Tudo o que importa a Jabor e à direita é mentir, ameaçar, fazer bravatas e incentivar o ódio bestial.


Portanto, o caso terrível que tirou a vida de nossa irmã brasileira Fabiane Maria de Jesus não é somente motivado por uma página do Facebook que pregava preconceitos contra uma pessoa que praticava religião de magias. Aquele caso ultrapassa o incentivo dado por páginas mal usadas e de modo desprezível nas redes sociais. O que há por trás é a direita e seus agentes Jabor, Azeredo, Scheherazade, Dantena e outros raquíticos mentais e ideológicos, a serviço do terror e da morte. Essa direita coliga-se internacionalmente em apoio a golpistas e assassinos de todo o mundo, como o próprio Arnaldo Jabor deixa  entender quando fala mal de bolivarianos etc (clique aqui para ler). Jabor prega o retorno das prisões, das torturas, das mortes e da venda do Brasil, assim manterá seu emprego na Globo e o emprego de sua mulher com o entreguista José Serra.


2.    Quem matou Fabiene Maria de Jesus foi um grupo de pessoas que a confundiu com uma mulher contra quem havia a suspeita de magia negra com o uso de cadáveres de crianças mortas por ela para sacrifícios religiosos, disse seu marido à imprensa. Ora, aí está o mal que representam as trevas a que é jogado nosso povo, que os mesmos agentes acima mencionados querem usar e influenciar para atrair golpes contra a justiça social, a democracia e o País. 


Há séculos nosso povo é excluído da educação que constrói consciência política e social quanto aos direitos humanos. À margem do desenvolvimento que educa, o povo, que é maravilhoso depositário da energia revolucionária, briga instintivamente contra tudo e contra todos, sem agenda clara e sem bandeira essencial. Sem a justiça, porque esta se ocupa com teorias dos domínios dos fatos da casa grande e dos golpes contra os direitos dos heróis nacionais, o povo se vê abandonado em sua falta de direitos quanto a segurança e a justiça . A polícia usada para defender os interesses dos que odeiam o povo o tem como alvo de suas balas de chumbo, de borracha, de seus cassetetes, de seus sprays de pimentas para jogar nos olhos já cegos de verdades essenciais, de seus sacos plásticos para matar e sufocar os Amarildos, não participa de políticas públicas de segurança popular porque o Estado não serve ao povo, mas à elite dominante dos Jabor, dos Azeredo, das Rachel, dos Dantena, da mídia mentirosa e golpista e de outros inimigos sociais. As igrejas voltam-se para os negócios com os dízimos do povo e não têm consciência social, porque debruçam-se aos pés dos deuses de ouro e abandonam o povo, sobrecarregando-o com moralismos fundamentalistas. Os educadores debatem-se com a tarefa daninha de preparar mãos de obra para o mercado mesquinho e não têm formação nem consciência para ajudar o povo a enxergar os raios de luz que vêm de fora da caverna do senso comum, como no mito da caverna de Platão. 


Nós outros, intelectuais orgânicos e lideranças do povo, temos que nos ocupar com a luta de trabalhar com ele, objetivando desconstruir o modelo manada e boiada que lhe impõe a classe dominante e seus agentes perniciosos, como identifiquei acima. 


Fabiane Maria de Jesus é mais uma heroína brasileira vítima da classe dominante e da bestialidade cultivada no coração de nosso povo. Mas o sangue da jovem mulher Fabiane corre pelas ruas de Guarujá e suas feridas de morte ensanguentam o solo brasileiro, a gritar por justiça social sem golpes e sem espaço para os golpistas de plantão.


Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz, mais do que nunca.

Dom Orvandil: bispo cabano, farrapo e republicano, em todas as circunstâncias.  

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