A NUVEM de Teófilo Dias
No carnaval estive em um sítio em São Francisco Xavier. À noite assaltaram-me milhares de vozes desconhecidas e rápidas. entre elas uma dizia-me ter escrito um livro parnaso. Fui pesquisar e descobri Teófilo Dias. Com o livro de poemas FANFARRA, Teófilo Dias, sobrinho de Gonçalves Dias, inicia, segundo alguns, o Parnasianismo no Brasil. Movimento de crítica ao romantismo, e defensor da arte pela arte. O soneto A Nuvem pertence ao livro Fanfarras.
A Nuvem - Teófilo Dias
Sulcas o ar de um
rastro perfumoso
Que os nervos me
alvoroça e tantaliza,
Quando o teu corpo
musical desliza
Ao hino do teu passo
harmonioso.
.
A pressão do teu lábio
saboroso
Verte-me na alma um
vinho que eletriza,
Que os músculos me
embebe, e os nectariza,
E afrouxa-os, num
delíquio langoroso.
.
E quando junto a mim
passas, criança,
Revolta a crespa,
luxuosa trança,
Na espádua arfando em
túrbidos negrumes,
.
Naufraga-me a razão em
sombra densa,
Como se houvera sobre
mim suspensa
Uma nuvem de cálidos
perfumes!
Lindo poema, que busca a perfeição no texto em si, na beleza do soneto, na busca por palavras rebuscadas e perfeitamente alinhadas.
.
Comentários
Postar um comentário