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Um refúgio no Carnaval



Não tenho mais a disposição carnavalesca. A idade mental, mais a física colocam meu intelecto na reflexão, e o corpo no repouso. Nada contra, mesmo porque já fui um razoável carnavalesco, que foi perdendo o ímpeto com o casamento, os filhos, as responsabilidades.
Reconheço que uma parte de mim endureceu, menos por convicção e mais por erosão.
Mantenho, no entanto o sentimento libertário, e reconheço no carnaval a velha válvula de escape das grandes repressões que se acumulam, desde as familiares, como as profissionais, emocionais, econômicas, tudo formando um amálgama que se libera institucionalmente uma vez por ano, por três dias.
Uma vez justificado quero falar desde pedaço de lugar semiencantado, semirreal, que é São Francisco Xavier, pequena localidade afastada, pertencente ao município de São José dos Campos.
Estive no sítio de meu genro nestes dias de carnaval, com minha esposa.
Fica no topo de uma montanha já ligada à parte baixa da Serra da Mantiqueira. Nada de TV, de notícias. Os grandes problemas foram o percurso sinuoso para se chegar no lago, o excesso de sol, ou ter que comprar comida na localidade, e os cuidados com as aranhas armadeiras.
Ao voltar para casa, percebi que muitos fatos aconteceram em minha ausência. Reconheço-me individualmente um impotente, e apesar da imprensa fazer campanhas diuturnas contra os partidos políticos, admito que eles são necessários.
O resto é ser um eremita, ou alienado, é a mesma coisa.

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