Aos leitores do PÓ, aproveito a oportunidade para refletir junto a vocês. como se dá o processo de adesão de setores significativos de segmentos evangélicos e também católicos (embora aqui não tenham prevalecido) ao pensamento nazifascista no Brasil, a ponto de colocá-los na frente de uma tentativa de golpe contra a democracia
Trata-se de tema amplo e complexo, mas não impossível de ser abordado, e lançar luzes de compreensão, que permitam ajudar a descrever este processo, incentivando um diálogo teológico, social, e político entre os leitores.
É consenso entre diversos setores de nossa sociedade, desde empresários até setores trabalhistas, o caos sócio econômico que adviria ao país com o golpe, comprometendo o desenvolvimento seguro da economia, e a convivência social.
A convivência democrática de décadas em nosso país, e uma conjuntura internacional momentaneamente favorável também contribuíram para abortar a intentona nazifascista.
Seguro também é afirmar que, malgrado o fracasso do mesmo, mantém-se inalterada a influência que ainda exercem sobre uma faixa significativa de aproximadamente 1/3 da população brasileira.
Dito isto, entro propriamente no tema.
Podemos dizer que até os anos de 1960 prevalecia uma estrutura religiosa considerada "oficial", com a predominância do catolicismo clássico, e suas relações com o Estado, numa leitura que se arrastava desde a proclamação da República.
O golpe militar de 1964 e a prematura revisão da Igreja Católica de seu posicionamento golpista, despertou a elite brasileira para os riscos da perigosa influência de uma única religião no país.
Concomitantemente, muitas igrejas pentecostais norte-americanas viram no governo militar uma oportunidade par disputar o acesso ao povo, principalmente as camadas mais pobres da população.
Sua forma de abordagem diferia em muito a religiosidade clássica.
Abrindo templos em qualquer ambiente, aproximou-se rapidamente das periferias, com discurso pentecostal, baseado nos dons espirituais, misturado a críticas ao catolicismo, como sendo diacrônico das mensagens cristãs mais imediatas das necessidades das pessoas.
Impuseram de forma sub reptícia, linguagem e espiritualidade próprias que foram gerando bolhas de relações, compreendidas apenas internamente. Do lado de fora, tudo foi considerado como gentios, ou não cristãos. Este crescimento foi lento e silencioso.
Aqui surge a primeira identificação do neo pentecostalismo com o pensamento de extrema direita. A atração mística submeteu os fiéis ao pensamento dos pastores, descartando as mensagens de cristo propriamente conhecida nos evangelhos.
Para compensar e mitificar este desvio, auto denominaram-se desde cedo como "evangélicos"
Um fato é o estudo e o conhecimento das palavras de Jesus nos evangelhos, outro, bem diferente é colocar os pastores como porta vozes de Cristo hoje.
Vamos abordando este tema aos poucos. Abraços gerais...
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