SUBSISTE

 Uma fina angústia 

subsiste, 

quase imperceptível

sob o mar calmo.


Irrevelável,

acompanha 

o cotidiano

sem interferir,

macular

cada ato

cada gesto.


Faz-se

que não está...


Tem perguntas

ainda não formuladas,

diante da despreocupada

existência,

que não pergunta


Quantos meses

são necessários

até as orquídeas florirem,

de galhos e raízes abraçados?

Quanto tempo 

até serem apreciadas?

Quando a Humanidade

desvendará a cristalina

transparência das fontes,

responsável dos grandes rios?


Angústia oculta

no olhar dos olhos

no temer das palavras,

 em trocá-las livremente.


Angústia que interpela,

silenciosa,

a existência

em tudo

o que faz,

incógnita.


A subconsciência 

da transitoriedade?


Muitos olhos

até vê-la!


Não se desnuda...


Uma fina angústia 

subsiste, 

quase imperceptível

sob o mar calmo.



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