Antes de mais nada, como tenho muitos amigos agnósticos e ateus de várias matizes, quero pedir-lhes licença para adentrar em seara mística, onde a razão e a fé ora colidem-se, ora harmonizam-se.
Igualmente tenho muitos amigos budistas e islamitas, com quem mantenho fraterna relação de amizade, bem como os irmãos espíritas, espiritualistas, de umbanda, candomblé...
Pensamos diferente, mas estamos juntos. Podemos nos compreender e nos desentender com base tolerância.
O que passo a relatar, diz respeito a COMO DEIXEI DE SER UM ATEU CONVICTO E PASSEI A CRER EM JESUS CRISTO SEGUINDO A FÉ CATÓLICA.
Bem, minha mãe Sebastiana Souza Naves era professora primária, católica praticante, e meu pai, Sólon Fernandes, Juiz de Direito, espírita.
Um sempre respeitou a crença do outro. Não tenho lembrança de dissensões entre ambos, em nada; muito menos em questões de religião.
Muito ao contrário, ambos festejavam o aniversário de casamento, quando podiam, indo até aparecida do Norte, pernoitando em Aparecida. Acompanhei-os por vezes nestas idas.
Fiz a catequese nos dominicanos, praticamente sem compreender nada. Era um grupo de aproximadamente umas 40 crianças.
Um dia a catequista perguntou a todos:
Quem acredita em Papai Noel?
Eu fui o único a levantar a mão, e ser motivo de ridículo de todos. Fiquei muito envergonhado...
No dia em que fiz minha primeira comunhão, fui em jejum para a Igreja, conforme habito da época.
Se foi vertigem por estar com o estômago vazio ou alguma questão maior, não sei, o fato é que tive de sair da Igreja e sentar-me na escada da entrada da mesma, para recompor-me. Guardo sempre uma impressão de que havia algo muito forte ali que me tirou a establidade
Como não entendia o sentido da Eucaristia, a missa, para mim, tinha relevância apenas durante os sermões, como se chamava a Homilia, na época.
Mamãe ficou viúva em 1960, e foi deixando de ir a igreja com a idade. Meus irmãos pouco se interessavam pela igreja e caminharam para o espiritismo.
Fui o último de casa a frequentar as missas, às vezes para ver as meninas que iam., . até também ir diminuindo a frequência e parar.
Com o colegial e a faculdade de Ciências Sociais, fui me tornando um ateu, achando tudo uma balela a história de religião.
Mas ao mesmo tempo tive politicamente, uma forte participação junto aos dominicanos, conflito interno intenso. Meu ateísmo tinha uma dor de ver que com a morte eu terminaria. Não aceitava isso.
Não preciso dizer da minha profunda alegria o dia em que percebi que Deus participava de minha vida
Com 15 anos, assisti o golpe militar de 1964. Com os dominicanos, voltei à igreja. Inesquecível foi a missa da sexta feira santa com Geraldo Vandre.
Posso Dizer que, de uma maneira ou outra Deus não tinha desistido de mim.
Agora encontro pessoal com Deus ainda não tinha acontecido. Isto ficou para 1993, em Recife. Onde trabalhava num centro fabril do grupo Microlite.
A voz do povo diz que as pessoas se convertem pela dor ou pelo amor.
Isto deixa uma impressão de que Deus pode provocar as dores para fazer as pessoas se converterem, Deus sádico.
Isto dito, afirmo que uma forte hérnia de disco imobilizou-me totalmente, da cintura para baixo. Era 1993.
Fiquei 15 dias totalmente paralisado, da cintura para baixo. Não sentia as pernas, não andava.
Rastejava-me pelo apartamento..
Pensei que não voltaria mais a andar.
Foi nesta situação que descobri Deus em minha vida.
Nesta época eu era um ateu convicto.
Havia uma bíblia velha, guardada sobre o armário do quarto.
Mesmo sem conseguir andar, pedi a uma das visitas que recebi, que pegasse aquela bíblia.
Daquele dia em diante peguei a bíblia e comecei a ler o livro de Gênesis.
Não preciso dizer que li toda a bíblia a partir daquele dia.
O médico, em Recife, onde trabalhava, disse que provavelmente eu teria de fazer uma cirurgia.
Não houve nenhuma ação direta nesta minha relação com o alto, apenas posso dizer que a simples leitura entrou no rol dos fatores que fizeram meus movimentos das pernas irem voltando.
No dia da consulta, o médico disse:
- Então, vamos operar?
E eu respondi:
Olhe doutor...
e levantei--me da cadeira.
Ao ver isto, ele disse que não seria mais necessária a cirurgia,
Passei então a fazer hidroterapia e acupuntura.
Durante a fase final da recuperação foi crescendo em mim a vontade de ir à igreja, num domingo, para agradecer a Deus.
Até que uma vez me sentindo bem em andar, pus a minha melhor roupa, e fui para a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, se não me engano, que fica em Boa Viagem.
A missa era às 10H00, e a igreja esta lotada, sento que tive de permanecer em pé.
A emoção era tão grande que as lágrimas corriam de meus olhos abundantemente.
Com vergonha de que me vissem assim, ficava enxugando as lágrimas enquanto a missa acontecia.
Assim fiquei até fazer a comunhão.
Ao comungar, aconteceu das lágrimas pararem imediatamente.
Isto me deixou muito intrigado, perguntando comigo mesmo:
Como podem ter terminado as lágrimas assim?
O que tem este pão ?
Vi nisto um grande sinal de Deus para mim.
Não preciso dizer que todas as missas em que ia depois, chorava, e parava o choro quando recebia a Eucaristia.
Ao longo dos anos as lágrimas foram diminuindo, e até hoje, uma pequena lágrima ainda corre em meu rosto.
As lágrimas, entendi serem a saudade de minha alma, de meu ser, do distanciamento que teve por tantos anos.
Bem este é um pequeno relato de minha conversão.
Não preciso dizer que li a bíblia inteira, pelo menos umas três vezes.
Nunca mais parei de ler e de buscar a Deus.
Passei por vários movimentos e de todos aproveitei seus carismas.
Hoje, eu e Margarida temos o propósito de levar com frequência comida ao povo de rua aqui em Ubatuba.
Quanto as missa, vou diariamente as 07H00 participar.
Mente quem diz que assistir a missa com frequência não muda nada.
Muda e muito.
Você passa a conhecer melhor a graça derramada e a transformação é visível .
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