domingo, 31 de agosto de 2025

Permita-me

 


Permita-me apagar, 

o texto fora do contexto.


Permita-me esquecer, 

Alzheimer literário. 


Permita-me sair, 

o segredo guardado 

ainda reverbera no tempo.


Permita-me não escrever, 

que se preserve a mente 

tão somente.


Permita-me desculpar-me 

pela ausência, 

sem a sua anuência. 


Permita-me por um fim 

por hora, 

porque demora esquecer...

sábado, 30 de agosto de 2025

MEU ULTIMO AMOR

MEU ULTIMO AMOR 

Meu último amor,
etapa final 
de todos amores, 
compreendeu 
minhas grandes dissonâncias, 
manteve-me no galardão 

Meu grande amor 
compreendeu minhas 
enormes fraquezas 
e ainda assim apoiou.

Sou aquele perdido 
em amores,  
pensou amar 
tudo e todas.

Reles amante 
perdido em amores

Meu grande amor, 
não leia estes versos, 
para não perder 
também a ti, 
eu tantas vezes 
sem prumo
sem rumo...

Grande amor 
vejo em ti 
todos os amores 
que não tive, 
guarda-me 
em teus seios...

Pereço de amor...

O GRANDE RIO...

 


Observando e refletindo,

às vezes falando, 

outras escrevendo...


Meu tempo vai 

silenciando os acessórios, 

agrupado em poucas palavras,  

economia de sentidos, 

concentração de razões. 


Também perpassa 

um auto reconhecimento 

visitas transcendentes, 

linguagem entranhada 

não verbal, 

deixa interrogações 


Tudo flui 

para um grande rio, 

sem margens, 

onde residem 

respostas 

aguardando 

serem interpeladas. 


Perco-me 

neste manancial, 

emerjo 

das descobertas, 

sobrevivente...

ADEUS A LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

 Vamos ficar mais uma vez órfãos. Nossos autores são como deuses,  nos deixam sentindo abandonados.

Assim com a partida de Luiz Fernando Veríssimo, assim foi com Drummond...

Sofremos as ausências como se fossem membros da família. 

Resta-nos engolir as lágrimas e seguir em frente

O PODER E AS MÃOS

 


Minhas mãos tem poder...

quando se unem 

a outras mãos, 

tudo podem.


O mundo sofre 

e espera esta união.


Alguns vivem 

de deixar os outros 

sofrendo sozinhos 

em seus quartos, 

sem esperança 

em saídas 

para a vida.


Fabricam sofrimentos...


Ah...

se a maioria soubesse

do grande poder que tem, 

quando estão juntos...


Desperte! 

Saia da dor!


É hora de cantar, 

dançar,  

festejar...  

assim deve ser a vida.


Viver é simples, 

a verdade é límpida, 

amar é tudo.


Caminhemos Juntos!

terça-feira, 26 de agosto de 2025

O jardim e o muro

 

Construi muros... 

observei-os 

ora de dentro, 

ora de fora.


Como eram meus, 

considerei-me  

ora prisioneiro 

ora liberto.


Os que constroem prisões, 

as sepultam primeiro em nós, 

prisioneiros de nós mesmos.


Formei um jardim 

do lado de cá do muro, 

cobri as paredes com trepadeiras...

preservei o coração e os olhos 

da falta de horizontes.


Sigo uma esperança 

oculta dos poderosos, 

rastelando as folhas secas, 

arrancando ervas,

sonho completo 

sem recortes.

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

AGUARDANDO...

 


Escapaste outra vez...


Sempre que a tenho por perto, 

me escapas, 

borboleta azul celeste 

destas terras áridas.


Esguia, 

adormeces a eternidade 

das minhas ansiedades...

despertas tarde demais, 

quando o Sol resseca desejos.


És a ingenuidade no mundo, 

distração do mal...


Crês nos campos de lírios, 

abertos para o amor...


Toco a flauta baixinho, 

quem sabe ouças, 

inclua o chamar 

nos teus sonhos 

embalados de esquecimento.


Os dias vão contados 

em segmentos 

santos e profanos 

de tuas marés, 

e distante, aguardo 

o despertar ...

PERMEÁVEL

  


Tudo passou por mim, 

busquei ser permeável.

Aprendi a ser diverso e único.


Sedimentei aprendizado conflitante, 

nem sempre encontrando explicações. 


Aos mistérios 

alcei voos impossíveis, 

restrições acres.


Às realidades, 

a consciência das lágrimas, 

levou à perseverança. 


Acostumei-me a aceitar  

enquanto meditava, 

verdade em gestação 


Ao coração deixei 

um lugar  especial, 

linguagem inaudita, 

inferência entre linhas.


Sigo esta mescla em formação

sábado, 23 de agosto de 2025

SÓ VOCÊ

  


Só você 

para arrancar 

minha solidão.


Só você 

para me deixar 

cultivar esta solidão. 


Só você 

para compreender 

minha solidão. 


Há um buscar em mim 

que me faz sentir só...


Indefinida mistura 

de gente por existir, 

ações por fazer.


Nem as músicas, 

nem versos, 

nem sair por aí 

sem lugar definido,

nem nada...


Só você é capaz, 

sem saber, 

de afagar 

esta angústia 

solitária...


Você!!


Mais ninguém...

TODO DIA

 


Todo dia 

um despertar...

meditar, 

lembrar-se da noite, 

dos sonhos, 

interpretar...


Todo dia 

agradecer a Deus 

por viver, 

buscar ser melhor.


Todo dia 

um levantar,

perceber ao redor...


Todo dia 

uma roupa, 

um café,

acreditar,

existem saidas...


Todo dia 

caminhar, 

informar-se 

de tudo, 

analisar, ,

considerar 

as pequenas 

e as grandes lutas.


Todo dia 

fazer parte 

da trama, 

das ações, 

transformar


Todo dia 

beijar, 

alegrar-se,

amar muito, 

desprezar o mal.


Todo dia 

também 

entristecer-se 

revoltar-se, 

ser justo.


Todo dia 

sair sem destino, 

descobrir 

as realidades 

tão amplas, 

sua distância 

a elas, 

conscientizar-se...


Todo dia 

trabalhar, 

suar, 

manter a vida, 

sua e dos seus,

sobreviver.


Todo dia 

solidarizar-se 

com quem 

não tem 

como sobreviver...


Todo dia 

defender o coletivo, 

um mundo melhor, 

sem guerras, 

democrático. 


Todo dia 

descobrir-se 

em meio 

às diferenças, 

integrar-se.


Todo dia 

conversar, 

medindo 

o que falar, 

a quantidade 

de palavras, 

o momento...


Todo dia 

um amigo, 

confidente, 

para ouvir, 

nem tudo 

é publico


Todo dia 

arejar, 

deixar tudo 

de lado, 

contemplar

a paisagem,

quem sabe voar...


Todo dia 

encontrar 

novidades, 

romper barreiras...


Todo dia 

olhar 

as rosas,

os espinhos, 

considerar...


Todo dia 

reunir forças 

no seu interior, 

ter esperancas

continuar...


Todo dia 

guardar-se 

ao final, 

satisfeito.


Todo dia 

descansar...

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

MATURACAO

 


Ai, os dias do meu tempo 

passam indiferentes, 

como se não existissem.


Alegrias costumeiras, 

dores particulares, 

ocultas...


Idealizam a eternidade 

a uma longa rotina...


Não fossem as manhãs, 

como suportaria 

o mesmo de sempre?


Uma sensação falsa 

de dever cumprido, 

justifica o repetir-se diário. 


A boca fechada, 

os olhos abertos... 

coabitar exige palavras, 

aguardam maturação.


Os pensamentos 

arrefecem,

padecem...


Até o dia 

em que a História 

encontra-se com a verdade 

e explode, 

forte eclosão,  

consequência 

da longa espera...

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

MARÉS

  


Não percebo mudanças 

um dia após outro. 


A consciência ignora 

seu progresso inconsciente.


Me vejo 

muitas vezes estático,

repetitivo.


As noites lançam 

estas luzes ocultas 

dos escuros dias.


Talvez alguns anos 

mostrem diferenças...


Seguimos no lusco-fusco, 

meio às apalpadelas 

de quem somos, 

onde estamos, 

o que queremos, 

para onde vamos...


Do passado distante 

até me esqueço, 

e surpreendo-me 

quando citam algo que fiz. 


Consinto assim 

fingido de mim.


Meu ser passeia no tempo 

como as marés...

vai e volta, 

vai e volta...

DESMEDIDOS

 


Meu amor, 

as confidências 

que trocamos 

nas margens diárias, 

perdoam os oceanos 

de suas atrações lunares.


Somos da substância 

dos faunos e das ninfas,

entremeados de sabedoria. 


Sabemos nos perder, 

sabemos também 

nos encontrar.


Nossa medida é desmedida

SEM ENREDO

 


Estou sem enredo, 

vou como vou, 

onde o vento assoprar.

Procuro às noites, 

comprar alguma passagem 

para lugares inusitados, 

antes que o Sol 

aponte no horizonte.


Minha caneta pensa antes de mim.


Permite apenas 

que reflita 

meu desconhecimento, 

meu mistério particular.

PULSAÇÕES

  


Não vivo só de versos, 

sou diverso.

Não vivo só de encanto, 

vou ao campo.

Não vivo de só de sonho, 

componho.

 

Meus pedaços 

são pulsações 

que chegam a ações.


Do coração aos corações, 

de mãos às mãos.


A palavra luta para ter vida, 

toca interiores, 

convida.


Palavras suaves e duras, 

arrancam carrancas 

das molduras, 

abrem expressões francas.


Descansa seu tocar singelo, 

elo do sentir e agir.

sábado, 16 de agosto de 2025

DORMÊNCIA

  


Tua dormência 

acende muitas luzes, 

caminhos trilhados, 

fugidios.


Tua dormência 

é uma catedral 

aguardando  

badaladas de sinos. 


Observo a noite escura 

como um grande 

exercício estoico, 

acalmando abrasamentos, 

memórias mortas 

revividas.


Não sabes a dimensão 

de minhas batalha 

enquanto não rompo

os portões deste castelo?


Sequer imaginas 

as danças ocultas 

que despertas. 


Teu lânguido deitar 

mais desperta 

que adormece.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

IMOLAR-SE

 


Minhas lágrimas estão sempre enxutas, 

meus soluços são silenciosos.


É necessária grande atenção, 

de antemão, 

para perceber este córrego 

oculto pelo tempo.


Comprender a dor milenar, 

genética, 

da humanidade. 


Continua a ser reproduzida 

em sua imbecilidade. 


É necessária a força da insuficiência, 

como consciência da desproporcionalidade.


Correr contra a vontade do tempo, 

imolar o amor

SUPERFICIALIDADE

 .


Lembre-se dos ventos, 

das tempestades, 

as calmarias.


Lembre-se da solidão, 

das grandes festas vazias.


Lembre-se da proximidade do chão, 

e das inalcansáveis alturas.


Lembre-se que amanhã é outro dia, 

e tudo também se esvazia...


Guarde-se esquecido, 

na sinceridade de si mesmo.


Exponha teu neutro ser, 

ao universo de opiniões. 


Que o principal conviva com a paz, 

já é suficiente.

NÃO É SÓ ISSO...

 


Não tenho motivos claros para as lágrimas...


Não tenho razões seguras para sorrisos...


Tudo é uma grande somatória, 

enzimas que reagem,

somatizadas em mim.


Não tenho porque dar explicações,  

nem sempre entendo 

o que se passa, 

ao meu redor,

nem tenho que entender...


Preocupo-me em ser útil, 

conseguir ser útil, 

superar a inutilidade, 

mas também ser livre, 

e dispensar obrigações. 


O tempo das divagações 

surpreendem pela demora, 

até ser tarde, 

e vejo 

que fiquei devendo, 

junto com o mundo, 

a grandes e pequenas soluções.


Há mais a completar, 

no pequeno e no vasto...


Assim,

vivo porque vivo,

choro porque choro, 

sorrio porque sorrio, 

divago porque divago...

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

BAGAGEM

Bagagem oculta,

sombra insepulta

de conhecimento e experiência

no caminhar distante...


Tolera, afaga, compreende...

Indigna-se, revolta-se, repreende...


Veste-se de nudez e transgressão

cobre-se de formalismos obrigatórios

diverte-se enquanto vê.


Percorre os labirintos da ordem

que dá em nada,

como um passeio com o cachorro 

no final das tardes.


Encontra as palavras certas

no emaranhado da sobrevivência, 

como oportunidade de paz e conforto...


Depois chora o grande desperdício 

de nós mesmos, 

desatentos e perdidos, 

caça louca de enredos

sem fim. 

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

CHEGADAS E PARTIDAS

 


Não sei despedir-me...

Imagino sempre 

que iremos nos encontrar 

novamente. 


O encontro toma conta de mim... 

se pudesse 

permaneceríamos juntos, 

mas os projetos, 

a sobrevivência 

ocupam muitos espaços 


Com o tempo 

percebo as distâncias, 

as mágoas,  

saudade, 

a ansiedade de ver, ouvir, falar, tocar...


Sentimentos diversos 

vão se produzindo 

no silêncio da vida, 

intervalo de afazeres.


Chega a hora 

das descobertas; 

para alguns 

é como se ainda 

caminhassemos juntos, 

para outros, 

a alegria do encontro, 

outros ainda, 

telefonam, 

marcam dia e local, 

pomos a conversa em dia, 

é insuficiente.


A dor é quando 

escapam alguns, 

fortuitamente

de nossa memória, 

e fica tarde, 

muito tarde

para nos vermos novamente, 

fazem-se de ausentes, 

provamos também o esquecimento.


Assim vejo meu país, 

estamos todos caminhando 

em uma construção 

de várias estradas, 

chegadas e partidas...


Nem sempre nos encontramos...


Temos de aceitar a realidade 

do tempo e das distâncias, 

serenos que continuamos juntos.

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

PORTÕES ABERTOS

 Meus portões estão sempre abertos...

Quem entra?


Distraído de mim, 

não questiono quem vem...

tantas diferenças 

perco referências...


Prefiro a surpresa, 

o novo e o velho, 

o que vier. 


Aprendi a considerar,  

mais que escutar


Então venha, 

seja quem for, 

seja bem vindo, 

caminhemos juntos.


Desperto antes do Sol, 

até o primeiro raio 

atingir-me os olhos, 

aí viro concreto 

entre pássaros,  

e também canto

PRESENÇA

  


Como posso estar ausente?


Sou gente, 

amor e a vida 

estão em mim...


Nada me escapa, 

fugir não consigo, 

volto sempre ao leito, 

rio que segue sonhando 

seus contornos, 

suas quedas, 

vazantes, 

secas. 


Fui fonte, 

riacho, 

recebi visitas marcantes, 

influentes afluentes, 

cresci largos leitos, até amar...


Fui sereno, garoa, chuva, tempestades, aprendi a importância 

dos pingos na terra 

dos raios na escuridão, 

nada me escapou 

de tudo escapei.


Sigo com a história nas mãos 

perto da foz, 

consciente do fim, 

as marcas de ter feito sua parte 

no grande encontro de tudo, 

eu no meio ambiente.


Quem ouve as águas 

levando mansidões 

sabe dos encontros...

domingo, 3 de agosto de 2025

DOCE É VIVER

 


Doce é viver

deixar correr como é...


Doce é se deixar levar.


Doce é amar...


Viver é melodia e letra, 

é percorrer livre os espaços 

sem restringir-se.


Ah...como é bom viver,

ter amigos 

confidenciar

segredos superiores 

do criador, 

superar a dor.


Vou visitar você,  

quem sabe 

sorriremos de tudo, 

choraremos também, 

porque faz parte, 

tem seu aprendizado. 


Durmo a paz de viver 

sabendo que percorri 

tudo como queria, 

livre e solto...

sábado, 2 de agosto de 2025

TARIFAÇO POÉTICO

  


De hoje em diante, todos aqueles que quiserem entrar em meu coração deverão pagar taxas, conforme o que são e fazem

São estas:


100% pela indiferença...

100% pela maldade e ódio 

100% das ausências e omissões 

100% em ceder ao medo.

100% por não pensar no povo citando a pátria

100% por não conhecer nem saber viver a paz.

100% não procurar superar-se no que faz.

100% ao olhar mais para si...

100% aos ricos...encontram sempre formas de isenção 


Não taxarei os esquecidos e desprezados pela maioria

Não taxarei os que vivem apertados nas periferias de todo tipo, aguardando quem os socorra.

Não taxarei as mulheres agredidas e assassinadas...

Não taxarei os que sofrem toda espécie de discriminação.


Deixarei entrar sem taxas 

os pobres 

os desempregados, 

os que choram escondidos  seus sofrimentos.


Tenho um coração zeloso que taxa sempre os poderosos e os maus...


Não dou prazos, nem volto atrás...


Este o TARIFAÇO que estabeleço

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

CONSCIÊNCIA

  


Examino a consciência... 

desafia a superar, 

a rara compreensão...


Ó solitária angústia!  


Ó degraus de mim!


Guarda um silêncio 

observante,

infante 

em véspera do combate 

a segurar a lança.


Hostil, 

incendeia o horizonte 

em dimensões inauditas.


Insaciada 

das mansas margens 

repouso da mundanidade, 

sai às ruas 

a busca 

de quem a entenda.


Tudo pela consciência!


Tudo pelo coração!


Gestada dentro 

busca 

boca a fora, 

quem a decifre 

de si mesma, 

independe dela.

PARTE DE MIM

  Ó parte de mim,  que me deixaste,  por onde andas? Trazias as espumas,  arrebentação constante  de ondas, desprezavas  sua imensa contençã...