MEU IRMÃO DOENTE...(DEGUSTAÇÃO SOLENE)

 

Eu o levei a uma confeitaria...
Ele já não tinha mais tanto tempo.
Sentamos em uma mesa do lado de fora,
de forma que ele podia apreciar tudo
o que estava acontecendo.

Veio café para nós.
Ele não dizia uma palavra,
apenas observava.

Chegou o Strudel,
como sempre quis.

Quantas viagens não deve ter feito
ao saborear o primeiro pedaço,
talvez mais do que todas
que saboreou durante a vida.

Momento solene
de degustação da vida,
enquanto ainda podia.

Eu apreciava
com Margarida
um mil folhas,
poeta que sou..

Mal trocamos palavras ali,
valia observar e despedir.

Meu irmão se foi.
Quem sabe este foi
seu último momento
de realização.

E foi apenas um café
em uma confeitaria...


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