Labirinto de nada


Incomodavam-me
os rastros 
deixados
para trás.

Eram como serpentes
que davam o bote
no presente,
puxavam a presa
de volta.

Assumi caminhos
tortuosos
enganando-as,
nunca
me perdiam
de vista.

Um dia,
cansado,
parei 
e perguntei
ao destino
sobre 
as flores
frutos
cantos
amores.

Respondeu-me,
não notaste?

Estive a lembrar-te
de teu presente
a todo instante
e me desprezaste.

Trazia a lamparina da vida,
 e fugias,
mais do que corrias.

Preparei-te
festas
sonhos
cantos
luares.

Estavas
ocupado
no caminho
como fim
não meio.

Agora
a soma
está
desfeita
por trilhares
um labirinto
de nada.


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