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Mostrando postagens de julho, 2025

FREIOS E ARREIOS

  Desculpem o quanto escrevo,  é que os poetas são tão poucos,  versos esporádicos  em mundo hostil,   Tempos de violência  em lugar de palavras,   quem sabe abra grades, tão fechadas grades... Recito,  não respondem... Não há janelas,  onde possam debruçar  o tempo, o amor...  encontro de si mesmos. Ausente permanência... Quem sabe voltem a si,  das afogadas existências,  continências inúteis,  raivosas... Ah o poeta quer despertar,  tem apenas a palavra,  prisioneira  de mantras, freios  e arreios... Canta  a toda hora,  fora de hora,  nem sempre encanta... O poeta carrega  um coração solitário,  desdobra o vocabulário,  não arrega...

Vem aí o PÓ DAS ESTRADAS

 Estarei lançando meu setimo livro de poemas no dia 16/08/2025, no espaço Scortecci.  Estarei lá desde as 16H00 até as 20H00, rua Deputado Lacerda Franco, 98, Pinheiros, São Paulo.  Conto com a presença dos amigos e viciados em poesia. Saudações literárias  F

TRÉGUA

   Abro uma trégua,   unilateral, não é possível  esperar o outro lado. Trégua  desta guerra diária  das pessoas  que se olham no espelho,  não se reconhecem, passam por cima  umas das outras. Trégua  do amor descartado,  guardado no passado. Trégua de mim, de você, de nós... É preciso retirar os corpos,  caíram  em meio aos confrontos,  estão expostos ainda  nos campos de batalha,  clamam por justiça. Vou interromper a noite  de seu interpelar eterno,  conduzí-la  para o frio abandono... lá poderá rever-se  do turbilhão oco. Quem encontrará espaços  em meio às imensas tensões? Porquê as forças estão abaladas,  chega a hora...

TRANSFORMAÇÃO

   As palavras que não vieram,  poder solto de sentidos,  acalentariam tantos... É preciso saber regar, o tempo certo  de serem aceitas. A manhã  enche as palavras de esperanças;  à tarde   estão cansadas,  quase desistem; à noite,  podem ser pescadas  em meio as estrelas,  guardadas para o dia seguinte. Precisam cair  de suas aparências  distantes,  abrirem seus perfumes,  calarem fundo.  Precisam metabolizar ações,  recheadas de confiança,  retirar o sonho  ainda adormecido,  tornarem-se reais. É preciso encontrar  as palavras que movem,  estão aí...  As palavras que não vieram,  poder solto de sentidos,  acalentariam tantos... É preciso saber regar, o tempo certo  de serem aceitas. A manhã  enche as palavras de esperanças;  à tarde   estão cansadas,  quase desistem; à noite,  podem ser pescadas  em meio as estre...

NUVENS...

 

NEGOCIAÇÃO GANHA/PERDE

 É assim que age Donald Trump com o mundo.  Com o Brasil há o agravante dele apadrinhar seus protegidos de ideologia, enveredando-se na seara política na negociação entre duas nações.  O Brasil deve buscar negociar demarcando claramente que não admitimos abrandar julgamento de golpistas. Assim seguiremos, com coragem e patriotismo contra os traidores da pátria 

COMO PODEREI...

  (continuando os porquês de Pablo Neruda) Quem me protegerá das estrelinhas  que piscam sem cessar,  esperando que lhes corresponda o convite... cometas que se aventuram a sós,  escuridão profunda,  borboletas distraídas,  insensatas,  em diferentes flores? Quem me protegerá da cegueira  dos morcegos  nos Sóis  dos vagalumes? Quem irá acalentar-me  dos grandes ruídos,  longe dos dominicais  latidos de cães? Acaso poderei acalmar o mar,  enamorado da Lua,  examinando acurada  este líquido amor? Como posso fazer conviver  as  raízes fraternalmente  sem que se sufoquem? Consigo avivar os livros  de suas solidões  apertadas das bibliotecas? Atingirei os vértices,  gozos cósmicos,   dos alongados arranha-céus,   em seus arroubos divinos? Conseguirei esconder nos varais,  as ações realizadas nas roupas?   Contam intimidades? As ventanias incertas...

COMPREENSÃO

   Não interrompo mais,  não grito mais... O amanhecer busca  a fragilidade das fontes,  esquecidas nas correntes caudalosas. A transparência das águas  que brotam da terra  escala as montanhas do tempo,  cheias das vertigens  dos longos caminhos. É preciso guardar-se cedo  do Sol escaldante  antes que tudo endureça  e voltemos a estar a sós.  Reunir no bojo da experiência  o aproveitar dos olhos,  o encontro das palavras certas. Quem sabe as nuvens então  possam conduzir  os cegos ventos  a poentes de compreensão.  Pouco falo...

PROJETOS

  Rezava baixinho  para não despertar  a casa do Sol. Nela, o mundo vivia  o calor da hora  o suor da sobrevivência. Impedia o silêncio, encontro de si mesmo. As perguntas surgiam  como cachos,  sugerindo  cores,  odores,  paladares,  tatos,  em pencas  de encontros... Os pensamentos  confundiam  altares e marés,  lançavam caminhos, verdades súbitas,   num turbilhão  confuso de projetos... Tudo a ser feito  e o tempo  exaurindo-se rápido. O fim será sempre  o esgotamento  satisfeito  do viver,  incompleto...

EMERGINDO

  Guardo apenas para mim. Monólogo  entre mantras,  heterônimo perdido  dos encontros,  onde palavras  perdem substância,  sensação de trevas humanas. Onde estou (?)  talvez não possa  ser encontrado. Quem sabe puxe  algum elo  que me sustente  além das eternas duvidas, vagarosamente esclarecidas.

A SETE CHAVES

  Não não vou perguntar, nem procurar... Vou guardar meu rosto impassível,  tentarei a difícil tarefa de desatar nós. Mundo de confluências secretas,  ali escondem-se as grandes fraquezas   deixadas das batalhas perdidas. Não ficaram espaços para caminhos novos. Desde cedo desafiei o nada  que se mostrava à frente. Pude descortinar  múltiplas descobertas,   experimentar temperos  multirraciais,  rezar diferente,  até descrer,  para me ver. Hoje,  reclinado no tempo,  sei que ainda tudo  continua aberto  na memória. Quem sou segue ermo,  mal se define...

IMPREVISTO

Ninguém pode saber... Irá interromper todo o andamento... Não quero que saibam,  quem sou pouco importa. Tenho consciência dos riscos,  do tempo que vai passando  sem que se faça algo.  Se acontecer  não saberão  que guardei silêncio . Peço que compreendam  esta atitude incompreensivel. Olho tanto as pessoas no que fazem  que prefiro não interrompê-las. Então sigo correndo riscos,  desprezando a vida. Grande é o perigo,  faço despedidas silenciosas  todas as noites.  Não contem a ninguém,  porque continuo o caminho.

TRAMA E TRAUMA

  Hoje não trago nada... Os caminhos,  repletos de armadilhas  ainda perduram, circunscrevem a língua,  modulam olhares,  definem o percurso  Precisei olhar ao lado perceber mais,  ser diferente,  sem a trama,  sem o trauma A ditadura perdurou muito após  estar encerrada. Ficou a difícil mudez  das torturas  o olhar em volta,  rodear antes de chegar, estar sendo vigiado, desconfiado,  encontros sem destinos,  clandestinos Ficou uma coragem  mesclada com a morte  consciência distante  de esperança.. Ficou o sabor  dos desertos na boca seca a areia comprimindo  os passos,  sonhando miragens  de liberdade,  fugidias. Ficaram aplausos  no estalar dos dedos,  silenciosos,  a desconfiança sentada  na mesa ao lado. Ficou longe,  em casa, cabelo cortado  disfarce de terno,  o longo tempo de espera,  enquanto envelhecia. A liberdade na barba...

TIPOLOGIA

  Os que esquecem amizades não procuram,  desaparecem. Os que guardam remorsos,  remoem-se. Os fixos nos erros dos outros,  na construção dos valores,  não se olham.  Os que apenas se mostram,  nunca ouvem,  donos da verdade. Os nunca satisfeitos,  tudo tem seus defeitos,  perfeitos. Os que falam, e falam,  não ouvem,  nem se interessam. Os que são incapazes ,  sempre na superfície  de tudo que vêem e fazem. Os aproveitadores,  vivem na surdina,  de repente traem,   golpeiam. Os perdidos,  nem sabem  onde estão,  o que fazem. Os exageradanente alegres,  como estarão a sós? Os acima de todos,  superiores, vem e se afastam,   posudos. Os distraídos,  não percebem  oportunidades,  nem desejam. Os que não notam  quando são inconvenientes,  permanecem. Os maus,  com segundas intenções,  aproveitadores Os poetas,  não se contém,...

PORTAS ABERTAS

  Deixo as portas abertas... também aguardo portas abertas. Há uma mágica a ser feita,  não tem pé  nem cabeça... Pode ser um tato,  um olhar,  quem sabe um sorriso,  algumas palavras,  gestos? Nossas profundidades  encarceram línguas estranhas,  permanecemos nas entranhas.  Enquanto o café esquenta  antes da mesa posta,  refeitos de nós mesmos,  nossas mesmices,  esperamos superar,  nossos pobres cotidianos. Minhas portas abertas  dão vazão a quantos? ...em quais línguas?

Quem aguenta?

 Não existe mais tempo para nada. Não se sai mais da frente de um computador ou de um celular. Os jardins estão na frente, o mar acompanha ao largo... Nada é percebido, apenas as redes. Estou vendo a hora que as telas seremos nós, e fim... Se me revolto e deixo tudo isso, em pouquíssimo tempo serei ultrapassado e obsoleto, incapaz de integrar-me ao todo. Serei um banido... Deste jeito, então, concluo que não existem saídas...

ALIMENTO E PERSEGUIÇÃO

   Margarida e eu temos um acordo: Todas as compras no supermercado devem incluir também alimentos para o povo que vive pelas ruas da cidade. Esta foi uma decisão que tomamos meditando  a passagem de Mt,  "tive fome e me deste de comer..." Isto nos permitiu descobrir um mundo novo, em termos de romper com o egoísmo, o egocentrismo familiar, os preconceitos, pré-julgamentos. Descobrimos também como as pessoas são más,  a rudeza de parte dos policiais e dos comerciantes, dos governantes... O pior de tudo é  o desdém de grande parte da população.  Chegamos a conclusão que grande parte do povo qu se diz cristão, desconhece o entro da pregação de Cristo, o amor ao próximo até o fim. Somos excluídos por distribuir comida, e isto nos é motivo de grande alegria, pois quando somos criticados pela besta, sabemos que estamos no caminho certo

ALTERNÂNCIA

Risco o chão com palavras,  confundem-se com meus passos. Não sei qual me explica melhor. Apalpo como um cego  a grande realidade,  malgrado as vastas teorias. Sinto,  sem explicar,  as entranhas do meu ser,  estranhas ao meu ser  desconhecidas. O amor  passa por dentro e por fora O olhar  ultrapassa olhares, penetra, cega O tocar  possui notas musicais,  gravita entre abracos e afagos,  semibreves e fusas,  leves e confusas. O ouvir  discerne quando quer,  ou ensurdece. Mística etérea da concretude,  alternando sonho e realidade  no movimento do mar.

PLEBISCITO POPULAR

  Está sendo organizado em todos Brasil um Plebiscito Popular, para ouvir  população sobre a redução da atual jornada de trabalho, de 6×1, que não permite só trabalhador usufruir do seu lazer junto à família, por completa falta de tempo.  Também este Plebiscito quer saber a opinião do povo sobre aumentar os impostos dos mais ricos, principalmente dos que ganham mais de R$ 50.000,00 por mês.  Este Plebiscito irá até 07 setembro de 2025 e será entregue no Congresso Nacional.

RASTROS...

  As passagens permanecem  nas ausências distantes, vestígios de finitudes.. Gritos tribais ecoam,  desafiam a contemporaneidade,  passado remoto a exaltar  o tempo das cavernas. Meus momentos  estão sempre morrendo,  deixam lembrancas  progressivamente menores. Mal vejo o que ficou,  sei que continuo em mim,  pela resina apegada ao coração,  comprimindo as veias. Quem sabe estes versos, ou outros... Quem sabe o beijo marcado  no limiar de uma  conjuntura,  ultrapassem gerações,  flutuem junto às marés. Apego-me ao nada  enquanto algo impele-me a um tudo desconhecido. Sou pó antes de ser pedra,  orvalho antes da nuvem,  pequena fonte antes do alto mar. Sou você e eu  nas mesmas circunstâncias,  desavisados peregrinos

COMPORTAS

  Tenho grandes comportas... delas fluem sangue e mel. Descansam de suas cheias... Estão represadas de seus percursos insólitos.  Parecem mortas... Aguardam as distrações da grande ordem  para irromperem solenes e profanas. Desdenham os silêncios do tempo,  decifram as sete chaves  em que estão colocadas. Olham os dias  como correm,  conscientes  dos vazios deixados. Às vezes forçam as saídas,  e sofrem os reveses  da grande ordem...

PREDITO

  No fim, o tempo  cobre de flores o dorso,  presente nunca recebido  em vida. Quem sou,  mais do que amado,  será esquecido. Transpor o último útero  será inusitado,  desconhecido Deixamos perguntas  a nós mesmos,  questionando intensamente,  algo por fazer,  como se ainda  fôssemos ficar. Ame, lute, vá até o fim  em tudo que fizer,  quem sabe descanse melhor.  A ilógica da fé poderá ajudar Não está predito o tempo.

DESPEDIDAS

  Despedidas nos acompanham... Seres buscam  novidades sempre,  não querem perder nada, por isso sofrem despedidas. Não há um dia sem despedidas... Se não houvessem  caminhos abertos à frente,  grandes seriam as dores... O tempo concorre  para amansar a dor,   transformá-la  em melancolia,  nostalgia,  molda a face,  o dormir,  o olhar... Quando se levanta,  antes do Sol,  se faz clara  esta turva e ingênua caminhada... nos aborda com perguntas. Sem respostas  olhamos para trás,  surpresos das imensas distâncias,   calculamos tardiamente,  terrenos por cultivar. A dor está nos olhos,  se projetam  para frente,  para o alto depois esmorece,  apega-se à face Despeço-me incompleto,  por todos os tipos de despedidas,  sabores não acrescentados ao convívio,  intimidades evitadas,  e burilo a mente  contantemente,  antes do Sol levantar. Ai...

VIVER CAIÇARA

de JOBAN ANTUNES,  poeta. Viver Caiçara Viver caiçara é saber a hora da maré, é ouvir o canto da canoa mesmo quando o mar se cala. E a brisa nos fala Enquanto voa É casa de pau a pique, telhado de sapê, rede armada no terraço colher goiaba no mormaço e o cheiro do peixe frito misturado ao vento e regado com café. O tempo ali não se espera Acontece como um marasmo Que as velas não ufanam De um barco que já não veleja Das ondas que como espasmo Não se permite que veja O nascer de nova era É a criança descalça, Brincando na beira mar mão calejada no remo que num esforço supremo nos desperta de sonhar história que são contadas na beirada do fogão enquanto a lenha crepita e o incrédulo acredita em histórias de assombração Viver caiçara é saber que a vida é simples e bonita como a onda majestosa que a areia vem beijar essa onda carinhosa que depois volta para o mar.  https://www.facebook.com/share/p/1GG5DN9wRN/