Pular para o conteúdo principal

AMIGO SECRETO

Qual ilícito
envolve
uma amizade,
para ser oculto?

Qual suplício
em esconder
uma relação
sincera?

Esconde-se
no ambiente
do Natal
aquilo
que deveria
ser público.

O ser amigo,
aquele que pensa
mais no outro
que em si.

Mas não!

Incumbe-se
a todos
ter de decifrar
entre tantos
se aparece
alguém
em meio
à maioria.

E quanto mais
se investiga
mais o amigo
se perde
na multidão
dos demais,
sem mais.

Quanto mais
se imagina
mais se perde.

Amigo
imposto
pelas regras
pelo aperto
monetário.

Inimigo
que se faz
amigo,
desfazendo
a indiferença
da convivência
circunstancial.

As descobertas
do amigo
são sempre
frustrantes
ou empolgantes
a depender
dos presentes.

Porque a amizade
está materializada
num presente
sempre aquém

Relegou-se
o beijo
o abraço
a uma saudação
Um negócio
num diálogo
de cegos
e surdos,
porque
não se descobre
quem é
nem se
presenteia
com o que
se pediu.

tudo corre
paralelo
sem elo.

Tudo escorre
pelos dedos
em apelos
nos desterros.

Ah,
se esta
 amizade
pega.

Vira
refrega
empedra.

Deixa
à mostra
a vulgaridade
das comemorações
da vida.

Um Jesus
encoberto
num amigo
secreto.

Jesus
descoberto
sem amizade,
perdido
num rosto
de Papai Noel,
num presunto tender,
chester,
num festejar
contínuo
do esquecimento
do sentido
da verdade
da amizade.

Hoje guardo
um presente
para você.

Ele não tem
semelhança
a nada,
e pode
transformar
a tudo
 e a todos.

Mas não
neste
ente
secreto
espremido
na véspera
do Natal,
como
espantalho
desfigurando
o surgimento
da verdade.

O presente
sou eu mesmo
em minha constante
contradição
em defesa do amor
e o desejo da revolução,
em celebrar a pobreza
como riqueza,
longe dos bens
perto dos sorrisos
sem lógica.




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como devia estar a cabeça de Mário de Andrade ao escrever este poema?

Eu que moro na Lopes Chaves , esquina com Dr.Sérgio Meira, bebendo atrasado do ambiente onde Mário de andrade viveu, e cuja casa é hoje um centro cultural fechado e protegido a sete chaves (que ironia) por "representantes" da cultura, administrada pela prefeitura... Uma ocasião ali estive, e uma "proprietária da cultura" reclamou que no passado a Diretoria da UBE - União Brasileira de Escritores, da qual fiz parte,  ali se reunia, atrapalhando as atividades daquele centro(sic). Não importa, existem muitos parasitas agarrados nas secretarias e subsecretarias da vida, e quero distância desta inoperância. Prefiro ser excluído; é mais digno. Mas vamos ao importante. O que será que se passava na cabeça do grande poeta Mário de Andrade ao escrever "Quando eu morrer quero ficar". Seria um balanço de vida? Balanço literário? Seria a constatação da subdivisão da personalidade na pós modernidade, ele visionário modernista? Seria perceber São Paulo em tod...

Profeta Raul Seixas critica a sociedade do supérfluo

Dia 21/08/2011 fez 22 anos que perdemos este incrível músico, profeta de um tempo, com críticas profundas à sociedade de seu tempo e que mantém grande atualidade em suas análises da superficialidade do Homem que se perde do principal e se atém ao desnecessário. A música abaixo não é uma antecipação do Rap? Ouro de Tolo (1973) Eu devia estar contente Porque eu tenho um emprego Sou um dito cidadão respeitável E ganho quatro mil cruzeirosPor mês... Eu devia agradecer ao Senhor Por ter tido sucesso Na vida como artista Eu devia estar feliz Porque consegui comprar Um Corcel 73... Eu devia estar alegre E satisfeito Por morar em Ipanema Depois de ter passado Fome por dois anos Aqui na Cidade Maravilhosa... Ah!Eu devia estar sorrindo E orgulhoso Por ter finalmente vencido na vida Mas eu acho isso uma grande piada E um tanto quanto perigosa... Eu devia estar contente Por ter conseguido Tudo o que eu quis Mas confesso abestalhado Que eu estou decepcionado... Porque ...

O que escondo no bolso do vestido - Poema de Betty Vidigal

Foi em uma conversa sobre a qualidade dos poemas, quais aqueles que se tornam mais significativos em nossa vida , diferentemente de outros que não sensibilizam tanto, nem atingem a universalidade, que Betty Vidigal foi buscar, de outros tempos este poema, "Escondido no Bolso do Vestido", que agora apresento ao leitor do Pó das Estradas, para o seu deleite. O que escondo no bolso do vestido  não é para ser visto por qualquer  um que ambicione compreender  ou que às vezes cobice esta mulher.  O que guardo no bolso do vestido  e que escondo assim, ciumentamente,  é como um terço de vidro  de contas incandescentes  que se toca com as pontas dos dedos  nos momentos de perigo,  para afastar o medo;  é como um rosário antigo  que um fiel fecha na palma da mão  para fazer fugir a tentação  quando um terremoto lhe ameaça a fé:  Jesus, Maria, José,  que meu micro-vestido esvoaçante  não v...