Pular para o conteúdo principal

Os católicos são homofóbicos?


Saiu no zenit
Análise feita pelo especialista em Bioética, Pe. Hélio Luciano

Nas últimas semanas temos acompanhado novas discussões sobre leis contra a homofobia – discussão que volta à tona pelo seminário organizado pela Senadora Marta Suplicy sobre o Projeto de Lei da Câmara 122/2006 (mais conhecido como PLC 122) e pelas propostas para o novo Código Penal Brasileiro. Com base nessas discussões, poderíamos perguntar-nos, qual é a posição dos católicos em relação à homofobia?
É já ideia comum entre os não-católicos – e infelizmente entre muitos católicos também – pensar que nós, católicos, somoshomofóbicos. Nada mais equivocado. Atitudes de violência física ou moral, ridicularizações – ou o famoso bullyng, que agora está de moda – são tão contrários à doutrina católica como qualquer outro pecado contra a caridade. Sendo assim – repito para deixar bem claro – não somos e jamais seremos homofóbicos se queremos seguir a Cristo.
Ao mesmo tempo somos também contrários aos atuais projetos de lei propostos e já citados. Por sermos homofóbicos? Não. Mas por diversas outras razões. A primeira delas é por ser um projeto legislativamente desnecessário. Contra a violência – seja física ou moral – e contra a discriminação, já existem leis às quais as pessoas que se sintam injustiçadas podem recorrer. Não é necessário criar uma nova lei, mas sim fazer que as leis já existentes se apliquem de fato. Porque estamos vivendo em uma tendência de multiplicar leis que já existem?
Em segundo lugar, a lei apresentada é contrária à liberdade de expressão e à liberdade religiosa. É verdade que a liberdade de expressão não é e não pode ser absoluta – por exemplo, ninguém nunca pode incitar à violência recorrendo à liberdade de expressão. Mas também é verdade que, com a nova lei, os limites do que poderá ser interpretado como agressão ou não-agressão – do ponto de vista moral – serão muito frágeis. Se um pastor protestante ou um sacerdote católico lerem ou pregarem sobre a 1ª Carta de São Paulo aos Corintios – Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os ladrões herdarão o reino de Deus – não poderá alguém recorrer à “nova” lei por sentir-se agredido? Se um sacerdote negar a comunhão a um “casal” homossexual, estes não poderiam acusar ao sacerdote de “homofóbico”?
Queremos apenas a liberdade de poder afirmar aquilo em que acreditamos. De poder dizer claramente, sem nenhuma pretensão de ofender a ninguém, que uma pessoa que vive atos homossexuais está ofendendo a Deus. De poder oferecer ajuda – somente àquelas pessoas que queiram e acreditem que precisam ser ajudadas – a que vivam o amor de Deus em plenitude. Queremos ser livres, sem ofender a ninguém, mas ser de fato livres para pensar.
Em um artigo escrito há aproximadamente dois anos sobre este mesmo tema, fui acusado em um blog – por pessoas que não me conhecem – de ser pedófilo, pederasta, homossexual, etc. Tudo isso pelo simples fato de ser sacerdote. Como sabemos, a discriminação atual contra a Igreja e contra os sacerdotes não são casos isolados – somos os únicos que não temos mais direito à liberdade. Devemos criar então uma lei de “sacerdociofobia” ou “eclesiofobia”por causa disso? Não. Por que então reivindicam que para os grupos homossexuais é necessária uma lei específica?
**Pe. Hélio é graduado em filosofia e teologia pela Universidade de Navarra, na Espanha, Mestrado em bioética pela mesma Faculdade; Mestrando em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz (PUSC), na Itália, doutorando em bioética pela Faculdade de Medicina do Campus Biomedico di Roma (UNICAMPUS), na Itália e Membro da Comissão de Bioética da CNBB. Concedeu uma entrevista à ZENIT no dia 18 de Abril, sobre o tema As causas da Aprovação do Aborto do Brasil (Confira a entrevista aqui: www.zenit.org/article-30101?l=portuguese).

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como devia estar a cabeça de Mário de Andrade ao escrever este poema?

Eu que moro na Lopes Chaves , esquina com Dr.Sérgio Meira, bebendo atrasado do ambiente onde Mário de andrade viveu, e cuja casa é hoje um centro cultural fechado e protegido a sete chaves (que ironia) por "representantes" da cultura, administrada pela prefeitura... Uma ocasião ali estive, e uma "proprietária da cultura" reclamou que no passado a Diretoria da UBE - União Brasileira de Escritores, da qual fiz parte,  ali se reunia, atrapalhando as atividades daquele centro(sic). Não importa, existem muitos parasitas agarrados nas secretarias e subsecretarias da vida, e quero distância desta inoperância. Prefiro ser excluído; é mais digno. Mas vamos ao importante. O que será que se passava na cabeça do grande poeta Mário de Andrade ao escrever "Quando eu morrer quero ficar". Seria um balanço de vida? Balanço literário? Seria a constatação da subdivisão da personalidade na pós modernidade, ele visionário modernista? Seria perceber São Paulo em tod...

O POVO DE RUA DE UBATUBA

 Nos feriados, a cidade de Ubatuba dobra o seu número de habitantes. Quando isso acontece, logo retiram os moradores em situação de rua, de seus locais, porque consideram que estes prejudicam a "imagem" da cidade. A questão é que os moradores de rua somente são lembrados quando são considerados prejudiciais à cidade. Não existe em Ubatuba uma política de valorização do povo de rua, capaz de diagnosticar o que impede eles de encontrar saídas dignas para suas vidas. Não existe sequer um local de acolhimento que lhes garanta um banho, uma refeição e uma cama. Saio toda semana para levar comida e conversar com eles.  Alguns querem voltar a trabalhar, mas encontram dificuldade em conseguir, tão logo sabem que eles vivem na rua e não possuem moradia fixa. Outros tem claro problema físico que lhes impede mobilidade. Outros ainda, convivem com drogas legais e ilegais.  O rol de causas que levaram a pessoa viver na rua é imenso, e para cada caso deve haver um encaminhamento de sol...

PEQUENO RELATO DE MINHA CONVERSÃO AO CRISTIANISMO.

 Antes de mais nada, como tenho muitos amigos agnósticos e ateus de várias matizes, quero pedir-lhes licença para adentrar em seara mística, onde a razão e a fé ora colidem-se, ora harmonizam-se. Igualmente tenho muitos amigos budistas e islamitas, com quem mantenho fraterna relação de amizade, bem como os irmãos espíritas, espiritualistas, de umbanda, candomblé... Pensamos diferente, mas estamos juntos. Podemos nos compreender e nos desentender com base  tolerância.  O que passo a relatar, diz respeito a COMO DEIXEI DE SER UM ATEU CONVICTO E PASSEI A CRER EM JESUS CRISTO SEGUINDO A FÉ CATÓLICA. Bem, minha mãe Sebastiana Souza Naves era professora primária, católica praticante,  e meu pai, Sólon Fernandes, Juiz de Direito, espírita. Um sempre respeitou a crença do outro. Não tenho lembrança de dissensões entre ambos,  em nada; muito menos em questões de religião. Muito ao contrário, ambos festejavam o aniversário de casamento, quando podiam, indo até aparecida d...