Pular para o conteúdo principal

Domingo termina. Há uma certa melancolia no ar

Começa o Faustão na Globo, com todas as suas mediocridades para massagear o pessimismo de fim de domingo.

O futebol não resolve, as músicas não resolvem, alimentos não resolvem, os líderes não resolvem.

Há uma ausência de essência, de razão de ser.

Vive-se e basta.

Barriga cheia, de exageros  que tapem a boca.

Cama & café fazem parte do desjejum já na entrada da noite.

Parece um intervalo, um grande intervalo, a vida.

Entre acontecimentos.

Amanhã volta tudo a todo vapor.

O mundo não perdoa e exige o sangue sempre.

Vou driblando os contratempos, fazendo que não é comigo, quando é.

Sei que minha curiosidade incomoda, e que desejam que eu permaneça no meu cantinho.

Que seja! Paciência.

O dia termina com poucas nuvens escuras no céu já quase escuro, na última tonalidade de azul.

Também anoiteço junto, escurecendo-me, recolhido ao nada que sou.

Nada de nada.

Nada total, como virtude.

Simplicidade forçada na universidade da vida.

Humildade adquirida nas pressões que sustentei pela minha família.

Amor que reconheci depois de me ver tão pecador.

Um dia desperto deste sonho, ou pesadelo.

Um dia desperto.

Ao abrir os olhos terei um ambiente irreconhecível diante de mim.Inimaginável...

Terão sido as privações a razão desta visão?

Delas extraído o sumo da essência das coisas?

Não sei.

Também perdi a imaginação. O fim do domingo não permite esta divagação.

Joga-me, simplesmente no buraco onde a vida cai, retorcida pelas leis, normas, formalidades, ainda que aparentemente corretas.

Reúno minhas forças e sigo como se não fosse comigo e faço o figurino que querem.

Boa semana a todos!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como devia estar a cabeça de Mário de Andrade ao escrever este poema?

Eu que moro na Lopes Chaves , esquina com Dr.Sérgio Meira, bebendo atrasado do ambiente onde Mário de andrade viveu, e cuja casa é hoje um centro cultural fechado e protegido a sete chaves (que ironia) por "representantes" da cultura, administrada pela prefeitura... Uma ocasião ali estive, e uma "proprietária da cultura" reclamou que no passado a Diretoria da UBE - União Brasileira de Escritores, da qual fiz parte,  ali se reunia, atrapalhando as atividades daquele centro(sic). Não importa, existem muitos parasitas agarrados nas secretarias e subsecretarias da vida, e quero distância desta inoperância. Prefiro ser excluído; é mais digno. Mas vamos ao importante. O que será que se passava na cabeça do grande poeta Mário de Andrade ao escrever "Quando eu morrer quero ficar". Seria um balanço de vida? Balanço literário? Seria a constatação da subdivisão da personalidade na pós modernidade, ele visionário modernista? Seria perceber São Paulo em tod...

O POVO DE RUA DE UBATUBA

 Nos feriados, a cidade de Ubatuba dobra o seu número de habitantes. Quando isso acontece, logo retiram os moradores em situação de rua, de seus locais, porque consideram que estes prejudicam a "imagem" da cidade. A questão é que os moradores de rua somente são lembrados quando são considerados prejudiciais à cidade. Não existe em Ubatuba uma política de valorização do povo de rua, capaz de diagnosticar o que impede eles de encontrar saídas dignas para suas vidas. Não existe sequer um local de acolhimento que lhes garanta um banho, uma refeição e uma cama. Saio toda semana para levar comida e conversar com eles.  Alguns querem voltar a trabalhar, mas encontram dificuldade em conseguir, tão logo sabem que eles vivem na rua e não possuem moradia fixa. Outros tem claro problema físico que lhes impede mobilidade. Outros ainda, convivem com drogas legais e ilegais.  O rol de causas que levaram a pessoa viver na rua é imenso, e para cada caso deve haver um encaminhamento de sol...

PEQUENO RELATO DE MINHA CONVERSÃO AO CRISTIANISMO.

 Antes de mais nada, como tenho muitos amigos agnósticos e ateus de várias matizes, quero pedir-lhes licença para adentrar em seara mística, onde a razão e a fé ora colidem-se, ora harmonizam-se. Igualmente tenho muitos amigos budistas e islamitas, com quem mantenho fraterna relação de amizade, bem como os irmãos espíritas, espiritualistas, de umbanda, candomblé... Pensamos diferente, mas estamos juntos. Podemos nos compreender e nos desentender com base  tolerância.  O que passo a relatar, diz respeito a COMO DEIXEI DE SER UM ATEU CONVICTO E PASSEI A CRER EM JESUS CRISTO SEGUINDO A FÉ CATÓLICA. Bem, minha mãe Sebastiana Souza Naves era professora primária, católica praticante,  e meu pai, Sólon Fernandes, Juiz de Direito, espírita. Um sempre respeitou a crença do outro. Não tenho lembrança de dissensões entre ambos,  em nada; muito menos em questões de religião. Muito ao contrário, ambos festejavam o aniversário de casamento, quando podiam, indo até aparecida d...