Uma visita indesejável

Visitar os necessitados passa por abrir mão de nossas convicções. Esta frase é forte o suficiente para por a prova até quanto somos capazes de aceitar o nosso próximo desconsiderando os nossos próprios valores, crenças, ideologias, etc.
Não existe alguém que possa dizer que é capaz de suportar isto sempre. Haverá ocasião aqui e ali onde a corda irá estourar e nos encontraremos nos confrontando com o outro.
Reflito: a paz não aceita a divergência. E a divergência não pode também ser explicitada sem que por isto nos guerreemos.
Hoje visitei um enfermo, músico, tocador de baixo elétrico, ex TFP (Tradição, Família e Propriedade), e atualmente um islamita.
Começou por dizer que Ismael era um profeta. Lembrei-lhe que Ismael foi filho da falta de fé de Abrão e Sara, que tentaram empurrar um filho através de Agar. que o filho da promessa era Isaac. Depois passou a dizer que Deus não enviaria o seu Filho para morrer, exatamente como os judeus falam. Ouvi enquanto aguentei, até chegar em meu limite, quando comecei a responder-lhe anunciando Jesus como Deus de Deus.
Voltei revoltado com as pessoas, pela estreiteza do diálogo, o fundamentalismo de opinião.
Por fim, dei-me conta da síntese esdrúxula daquela pessoa: ex TFP, um cabeludo tocador de rock pesado e islamita.
O Brasil está mudando mesmo.

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