E os miseráveis neste frio?

E os miseráveis neste frio?

Vejo-os pelos cantos da Boa Vista
ou sentados na Sé
à espera do anoitecer
e recuperarem o direito de deitar.

Os miseráveis estão a sós
e o despreso dos pedestres,
sua ignorância.

Não há poema
para contemplar a beleza,
junto a cobertores
a esconder abandonados.

Como pode a flor
não espetar-se
o real da vida.

Como podem as nuvens
 conservar a claridade
sem pesar suas tempestades.

Também a poesia
não se sacia
enquanto a dor
caminha ao lado.

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