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Pastoral da Saúde no Hospital de Clínicas: sempre com novidades

A semana correndo cheio de atividades, muitas responsabilidades, e vejo o tempo esvair-se sem que tenha feito boas ações para com as pessoas.
Ao dirigir-me ao hopital para fazer a pastoral, o inimigo sempre põe um cansaço antecipado que impeça minha ida. É uma verdadeira batalha espiritual em mim. Apronto-me, saio até o ponto de ônibus, e espero...espero.
Aos sábados a linhas de ônibus diminuem, quase faltam.
Chega uma moça bonita. Veio andando esbelta e só. Por respeito e por fé (uma vez que já pequei muito nesta área) faço que não vejo, e mantenho-me com os olhos voltados para a rua, à  espera do surgimento do ônibus. Os carros buzinam para a moça que finge não ser com ela.
Pego, finalmente, o ônibus, e sento-me de costas para a moça. Está quase vazio. Sigo olhando as pessoas nas calçadas distraído.
Desço na Dr. Arnaldo e vou andando até o HC.
Ao chegar, coloco logo o jaleco branco e adentro o recinto da Ortopedia.
Vou até o quarto andar e ao sair do elevador, sento-me para fazer uma meditação prévia à visita.
Em alguns minutos abro a Bíblia é encontro no caítulo 6 de Mateus a seguinte passagem:

-Se perdoardes os que vos ofenderem, o Pai que está o céu também vos perdoará. Mas se não perdoardes essas pessoas, o Pai também não vos perdoará de vossas ofensas (Mt. 6, 14-15).

Reflito, como é difícil perdoarmos as pessoas.
Para perdoar preciso me despir de minha elevada individualidade, vaidades, prepotências. Não há como perdoar se estiver cheio de mim.
Penso mais, como é difícil também autoconhecer-me. Nunca me conheço completamente. Nunca sou como desejo, e erro, semiconscientemente.
Chega um amigo da Pastoral, o Silvionê. Diz-me que alugará um teatro no ano que vem para apresentação de um texto de Rubens Alves. Incentivo-lhe porque sei de sua capacidade. Fazemos um Pai Nosso juntos e partimos em direções diferentes para a Pastoral.
Visito alguns quartos.
A cada um que entro e converso com os enfermos mais vamos nos fortalecendo no Espírito Santo. Encontro operáris acidentado, mulhere idosa com fraturas, mães ao lado de filhos, e tomo consciência do drama e da esperança de todos.
Desço até o primeiro andar e procuro a Eliana e o Paulo, irmãos que estão há mais de trinta anos sobre uma cama, devido a poliomielite.
Eliana lançou um livro sobre sua vida, com o nome de PULMÃO DE AÇO.
Seu livro recém lançado já está na terceira edição. A primeira com 5.000 exemplares está esgotada, a segunda com três mil também, e agora a terceira, também, com três mil. Certamente também se esgotará.
Conversamos alegremente sobre vários assuntos.
Paulo discute sobre a segregação racial com dois amigos. Permaneço uns 10 minutos por lá e me despeço.
Deixo o Hospital de Clínicas dando glórias a Deus por tanta transformação que faz nas pessoas e por deixar respingar esta glória sobre mim.
Não existe droga, seja a maconha, seja a cocaína ou o LSD que suplante este estado de estar cheio do Espírito Santo.
Minha alegria é completa. Vou de volta para o ponto de ônibus pedindo a Deus que conserve este estado de ser em mim para sempre.
Mas sei que o mundo vai esfriando tudo, e exigindo que me mantenha forte na fé, para vencer as armadilhas do inimigo.
Fico por aqui.

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