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Arre! Onde há gente no mundo?

Lembro-me de uma daquelas ocasiões em que andava em uma pindaíba danada, não dava nem para pegar o ônibus.

A mulher trabalhava, de sorte que o chamado basicão ia dando conta do recado. É uma heroína até hoje. Por isso que a família é de fato o esteio de tudo.

No mais, procurava manter o silêncio, evitar ficar reclamando da vida, procurar alternativas, para não deixar o ânimo cair, enfim tentar tocar a vida com o que tinha.

Era muito engraçado também perceber como os amigos desapareciam nestas ocasiões.

Todos ficavam tão ocupados com tantas coisas, que o leitor há de compreender, não se conseguia uma ajuda maior.

São períodos especiais, onde aprendemos algumas grandes virtudes.

Uma delas é a de distinguir as amizades circunstanciais, que são muitas, das amizades reais, que minguam, quase não existem. Se as conto não enchem a palma de uma mão.

Outra virtude é a da espera, de saber esperar, de ver que há sempre uma profundidade maior para se cair, e que ao cair, não foi assim aquele desastre que se imaginava. É possível recuperar, e retomar a subida, novamente.

O lado mais bonito da dificuldade, é o de se manter a alegria, malgrado todas a desgraças que desabam. Como é forte ver que temos alegria nestes momentos, que o ser humano é capaz de viver alegremente, apesar de tudo.

O malabarismo é o ponto mais criativo do desesperado brasileiro. Ele aprende de uma hora para a outra várias ocupações, profissões, atividades, e têm uma iniciativa que jamais teve em qualquer outra ocasião.

Ah..., importante, as pessoas tenderão cada vez mais a se mostrarem a você como elas realmente são, e isso é tão bom. Não existe coisa melhor do que saber  o que as pessoas são verdadeiramente. E, não se entristeça pelo que irá ver.

Por isso, se você tiver diante do grande impasse da vida, de ter de se decidir, entre ter uma vida cheia de riqueza e opulência, com todos os serviços e bens e pessoas à sua disposição; e outra vida, sem nada que possa preencher suas necessidades, que deverão ser obtidas pelo teu suor, a cada instante, sem segurança de continuidade, sua escolha será.....

Sabe qual?

Aposto 10 contra um, que você escolherá a primeira opção.

Nem preciso pensar muito para chegar a esta conclusão.

Simples.

O medo domina o nosso ser, que não sabe atingir, por si só, estágios avançados de compreenção da vida, de sua verdade.

Nem eu, que vos escrevo, me arrisco a dizer que serei diferente.

Não, eu também faço parte dos iludidos, dos fracos, dos egoístas, que viram o rosto para os mais necessitados, e que talvez, por desencargo de consciência, faz uma coleta aqui e outra acolá, ou outra ajuda, para satisfazer minha própria ilusão.

Para reflexão.

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