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Comentando Paul Singer e a Erradicação da miséria

O professor Paul Singer apresentou nesta terça, 18/01/2011, um artigo no jornal a Folha de São Paulo , sobre a "Erradicação da miséria, proposição ousada" .


De maneira geral ressalta que foi a única candidatura a propor a erradiação da miséria em seus 4 anos de mandato.

A matéria tem o mérito de reunir e condensar o que já se tem discutido e creio que é de conhecimento de muitos, mas não afirma enfaticamente que este objetivo não será atingido, mas de que é uma proposta ousada, seguindo na linha de muitos apoiadores do governo que não tem uma opinião mais balisada, e ficam no dito pelo não dito.

Faz uma localização do que é miséria, situando suas características, como sendo uma "pobreza tão extrema que suas vítimas frequentemente não sabem quando e nem de onde virá sua próxima refeição, moram ao relento, pois não tem trabalho nem renda regular".

Faz a constatação óbvia de que uma parte deste contingente de miseráveis não tem intenção de mudar de vida, mas em seguir exatamente como está, seja devido à dependência de drogas legais ou ilegais, seja por outras razões (idade, mutilações, etc). E aqui está o ponto principal, porque muitos dos moradores de rua embora não sejam drogados (e a maioria não é), passa pelas mesmas limitações, e dificuldades para mudar de vida.

Volto a dizer, que estiveram iludindo a presidenta a dizer que eliminaria em 4 anos a miséria no país.

É possível fazer uma revisão ousada desta proposta, mantendo metas ousadas, mas que não frustre os eleitores ao final de seu mandato.

Repito que uma das razões de ter votado na candidata foi esta sua proposta única, que sempre calava os outros candidatos, que permaneciam sem saber o que dizer. Mas é preciso ser realista e agir dentro do realismo e não do idealismo. Desejar erradicar todos desejamos. Erradicar será um trabalho maior do que quatro anos.

Para quem mais preciso gritar para ser ouvido?

Caso sejam mantidas as metas de crescimento, o país crescendo, inevitavelmente ocorrerão novos segmentos da sociedade em ascenção, atingindo novos níveis de vida social típicas da classe média.

Mas a miséria é outro contexto muito diferente. Estes dias veio uma reportagem que mostra que os EUA têm aproximadamente 50 milhões de pessoas que vivem nas ruas, na chamada condição de míséria. A Rússia, a China, e outros países têm também seus contingentes de moradores de rua.

Mesmo quando o socialismo dito real estava no seu apogeu, a miséria tinha sida erradicada nestes países? Apenas para lembrar.

Lembrei, em artigo anterior que esta população é um lumpen, no sentido clássico, e não especificamente um exército industrial de reserva, que é bem diferente.

Solução existe, mas de longo prazo, e não imposta, mas via convencimento e adesão voluntária, pois o reerguimento da auto estima deste povo é algo que não pode ser implantado de cima para baixo, mas de baixo para cima.

Propuz, e continuo propondo a construção das chamadas CASAS DO POVO, onde esta população tenha conforto para se recuperar por algum tempo, com oportunidades de aprendizagem de algumas ocupações, debates, palestras, coexistindo com sua vida de rua, até atingir o ponto de sair, quando quiser.

Estou disposto a discutir esta questão para quebrar paradigmas e ilusões.

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