sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A beleza como instrumento de discriminação

Ligo a TV. Só vejo pessoas bonitas, esbeltas, sorridentes, de belos dentes.

Nada de banguelos, caolhos ou cegos.

Nada de cadeirantes, de feios e feias.

Sim, a hipocrisia é ampla, geral e irrestrita, aceita por quase todos.

Escondo-me dos espelhos. Que oportunidade terei neste mundo?

Onde está o belo? No exterior do corpo, na matéria? Ou no interior do ser, nos valores abstratos?

O mundo já se decidiu pela forma exterior, como fonte de lucro, e baniu os valores humanos, colocando-os no ostracismo.

Desejo um mundo das minorias, dos perseguidos, dos abandonados, do paralíticos e cegos.

Mundo muito mais justo que este falso mundo.

Não concordo, mas compreendo muitos suicídios existenciais.

Sou pela luta transformadora, da não violência ativa.

Falam tanto em defesa do meio ambiente, então que ponham os desqualificados, os excluídos, os moradores de ruas, os sem teto e sem terras, os aleijados e leprosos na defesa deste seu meio ambiente, e retirem a falsa beleza vendida para nos consolarem de nossas feiuras exteriores, como valor fim.

Exaltemos a vida sem plástica, a alegria sem rosto, a beleza sem corpo.

Exaltemos o interior a ser descoberto, e não o exterior excitado.

Quero exaltar especialmente Eliana e Paulo, moradores da UTI da HC, meus amigos sinceros, que lá estão desde a infância,sobre suas camas.

São mais belos do que muitos, e mais felizes, ainda que suportando grande sofrimento.

Encerro com uma frase de Pessoa: "Arre, onde será que tem gente, neste mundo?"

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