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Marina busca sobreviver com base no fundamentalismo

Percebendo que seu mandato de Senadora expira no dia 31 de Janeiro de 2011, Marina Silva vai lançar, antes disso uma Ong com ações voltadas a educação ambiental e formação política.

O detalhe desta Ong está no fato de buscar ter foco no público evangélico, segundo reportagem de Bernardo Mello da Folha.

O objetivo é o de "politizar" os fiéis e manter-se em evidência no segmento evangélico que representa 25% dos brasileiros. Segundo ela, pretende dar um cunho "progressista".

Bem, ela tem uma refrega com o vociferante pastor Silas Malafaia, que para ela, representa o pensamento conservador neste meio.

Feita esta constatação levantam-se duas questões, ou seja, quais são as características do fundamentalismo político, e o que ele representa para o Estado laico, hoje, no Brasil.

A resposta a estas duas questões nos dirão se Marina joga lenha dentro do fundamentalismo, contra o Estado Laico ou não.

O fundamentalismo religioso, de base chamada evangélica pentecostal, se caracteriza pelo seguimento literal e de análise livre, dos textos contidos na Bíblia. Este fundamentalismo faz uma transposição radical(literal) destas leituras para a vida particular e pública, sem considerar os contextos, tanto da época em que foram escritos, quanto de hoje..

Como há uma relação de dependência muito grande dos fiéis aos pastores, basicamente fica ao encargo destes o posicionamento político que , segundo eles, melhor se adeque aos seus interesses.

É muito difícil haver discussões politicas neste meio, uma subserviência religiosa às questões políticas, que acaba por apoiar incondicionalmente seus representantes.

Isto é tão certo, que muitas vezes os pastores assumem eles próprios a representação política, pois possuem aceitação incondicional dos fiéis.

Este isolamento dos fiéis "evangélicos" da política, e a assinatura em branco aos seus pastores, que se tornam vereadores, deputados e senadores, acabou por formar um grupo seleto no Congresso Nacional, chamado de "bancada evangélica", segundo os mesmos, para defender os valores cristãos.

Ao criar esta bancada, descaracterizam todos os outros deputados como igualmente "evangélicos", num preconceito sem precedentes na religiosidade brasileira.

Porquê este exclusivismo, e purismo religioso?

Porque há uma intencionalidade de ocupar o Estado, um dia.

A cunha do Estado religioso, teocrático, está posta, questionando o Estado Laico.

Vai se formando dentro deste setor, uma compreenção de que é preciso tornar o Brasil uma pátria de Cristo, fato que para eles ainda não é (como se o cristianismo estivesse surgindo agora) ou é de forma errada.

Estaremos, desta forma retrocedendo ao Estado Teocrático, de imposição de uma só doutrina, de uma só religião, fato que o país superou no passado e que volta a ter esta sombra.

Engraçado é que estas mesmas igrejas não se consideram "religiosas", mas na hora de ocupar o Estado, se fazem religiosas. Como dia um ditado popular, "macaco não olha pr'o rabo".

O fundamentalimo religioso pode ter características "progressistas" e "conservadoras" , o que é uma variação de maquiagem por fora, dos mesmos elementos interiores. Por dentro é uma união de segmentos de mesma crença para alcançar o poder.

Neste aspecto, Marina joga lenha dentro da fogueira do fundamentalismo, contra o Estado Laico, ainda que aparente o contrário. É preciso que ela explicite isto aos demais eleitores dela, para que tuda adquira transparência.

Desejamos um Estado Laico onde todas as crenças possam exercer livremente suas crenças e suas opiniões políticas, sem discriminação das outras e sem tentar exercer uma imposição de "sua verdade".

Por isso,  defendo a exclusão de padres e pastores e bispos de toda ordem, das representações políticas, deixando para os seus respectivos fiéis esta representação.

É mais democrático e respeita mais os fiéis.

Não se deve confundir política e religião neste caso.

É o que penso.

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