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Ética profissional e participação sindical.

É possível um profissional ser um camarada revolucionário, e ao mesmo tempo um exemplo de dedicação e interesse no seu trabalho?

Esta é uma boa pergunta, porque tenho observado por décadas uma corrente de pensamento, informal, mal elaborada do ponto de vista teórico, que considera que qualquer tentativa de demonstração de interesse pelo trabalho, em evoluir em sua área, se conflita com o papel sindical ou revolucionário que se tem.

Quem demonstra interesse por evoluir em sua profissão é visto por este segmento como alguém que está a serviço dos patrões, sendo imediatamente discriminado. Sob este ponto de vista, o profissional deve ser aquele que se coloca sempre do contra, e demarca um campo de reivindicações que abrange a tudo, inclusive uma simples ordem que recebe, fato considerado normal no mundo do trabalho.

Posso estar enganado, mas este tipo de visão está deixando de ser realista, principalmente quando a oposição acaba tornando-se o empresário da gestão do país.

A questão ética, do ser melhor sempre que for possível, é uma realidade crescente no mundo competitivo, e está no íntimo do trabalhador especializar-se, ainda que o sindicato nutra seu movimento pelas ausências de oportunidades.

É muito comum ver o sindicato bater forte nas empresas exigindo planos de carreiras. Reflito que reside aí uma certa ingenuidade.

Os planeos de cerrairas são vistos como salvadores das discriminações, e geradores de oportunidades, o que é uma realidade parcial. Em estruturas piramidais, as oportunidades são progressivamente inferiores.

Os planos de carreira estão, de sua parte, obrigatoriamente atrelados a planos de desenvolvimento de carreiras, realistas, e executáveis ao longo de um tempo definido e negociado, disponibilizando profissionais para novas posições a serem ocupadas, por substituição ou expansão.

O planejamento de carreira supõe a formação prática e teórica dos profissionais, à médio e longo prazo, com avaliações constantes, tornando-os elegíveis às novas ocupações, uma vez alcançado o potencial do cargo almejado e mantido o desempenho no cargo atual.

Esta condição de elegíveis, por outro lado, não representa garantia de futura posição, mas apenas disponibilização para, uma vez que não se fabricam vagas, mas se substituem, ou ampliam, conforme crescimento da organização. Não é, entretanto, automática esta nova posição. é possível que algum profissional se especialize e esteja em condições de ocupar um posição superior, e esta não surja.
São questões que envolvem o mundo porfissioal e também as questões éticas, estando a exigir de qualquer profissional um desdobramento e interesse diuturno pelo que faz na empresa.

Colocar-se contra esta tendência é dizer, em outras palavras que devo ser limitado para ser um bom sindicalista, o que é um absurdo.

O que se deve ter alerta é saber reconhecer os limites da ação profissional, de onde termina uma responsabilidade da empresa em resolver um problema, e onde começa a exigência da presença do sindicato, garantindo direitos, que são cerceados.

Lembro-me do filme, "Balada para um soldado", do realismo soviético, onde um soldado, que volta do front, para passar poucas horas entre os seus, acaba envolvendo-se em várias situações, que aparentemente não lhe diziam respeito, mas que por uma questão ética, ele envolve-se para resolver problemas.

É um assunto antigo, e sempre atual. Não estaríamos hoje também diante desta realidade de sermos mais éticos como exemplos, para os demais?

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