Pular para o conteúdo principal

Entre São Paulo e Osasco: A Corifeu de Azevedo Marques

Como o tipo da população muda tão rapidamente, em tão pouco tempo de ônibus dentro desta megalópole paulopolitana.

Peguei um ônibus na Barra Funda, o Rio Pequeno, e fui para a Corifeu de Azevedo Marques, no fundão da Cidade Universitária, a serviço.

O número era próximo do 4.000.

Perguntei para a cobradora do veículo quanto tempo levava a viagem.

Ela, uma loira esquecida atrás de uma caixa de trôco respondeu-me sem ânimo da rotina prisioneira: "se não tiver congestionamento vai durar perto de uma hora, mas se tiver congestionamento vai pr'a mais de hora e meia".

Como já estava dentro do ônibus, meia hora a mais ou a menos não me prejudicaria, porque sou precavido e geralmente saio de casa bem antes dos horários que combino.

Infelizmente esquecera de trazer um livro, pois gosto de aproveitar o tempo, ainda que chacoalhando os olhos pelo trajeto. Os oftalmos que o digam.

Voltas à parte, que o ônibus deu, tanto que voltei por outra linha, mais direta, defrontei-me com uma mudança populacional significativa.

A população da região da Corifeu e do Rio Pequeno são mais povão, mais gente nas ruas, mais conversadores, e alegres.

Diferente, muito diferente da população do centro de Sampa, ou de outros bairros.

Cada vez me convenço mais que a alegria é mais fácil na pobreza, porque é o que sobra, e é a melhor parte.

Os ricos, pela própria vaidade e soberba em que se auto-cultuam, perdem a referência da beleza da simplicidade, fechando-se em copas. É a alegria do ter e não do ser, sacou?

Parei em um ponto de ônibus na esquina da Corifeu com a Rio Pequeno, e todos ou quase todos do ponto conversavam entre si com a maior naturalidade.

Conheci uma mulher que veio de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, muito feliz, e um senhorzinho idoso, que se gabava de dizer que tinha em fabrica de salgadinhos para festas.

Ela católica , ele da quadrangular, e conversando sobre religião numa boa. Isto é Brasil, ainda bem.

Uma mocinha de uns 14 anos saiu do silêncio só para me informar o ônibus para a Barra Funda que ia direto pela Lapa. Isto sem ter pedido. Se fosse em outro lugar iriam dizer que eu estava puxando conversa.

Não é preciso muito para ser feliz.

Lembro-me de ter visitado estes dias, um amigo, o Ângelo, no hospital, depois de uma cirurgia  meio complicada. Está sofrendo as dores do pós opertório, agora que voltou para casa. Peço a Deus que alivie este sofrimento, e me angustio por vê-lo deste modo.

Espero que melhore rapidamente e volte ao nosso convívio.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como devia estar a cabeça de Mário de Andrade ao escrever este poema?

Eu que moro na Lopes Chaves , esquina com Dr.Sérgio Meira, bebendo atrasado do ambiente onde Mário de andrade viveu, e cuja casa é hoje um centro cultural fechado e protegido a sete chaves (que ironia) por "representantes" da cultura, administrada pela prefeitura... Uma ocasião ali estive, e uma "proprietária da cultura" reclamou que no passado a Diretoria da UBE - União Brasileira de Escritores, da qual fiz parte,  ali se reunia, atrapalhando as atividades daquele centro(sic). Não importa, existem muitos parasitas agarrados nas secretarias e subsecretarias da vida, e quero distância desta inoperância. Prefiro ser excluído; é mais digno. Mas vamos ao importante. O que será que se passava na cabeça do grande poeta Mário de Andrade ao escrever "Quando eu morrer quero ficar". Seria um balanço de vida? Balanço literário? Seria a constatação da subdivisão da personalidade na pós modernidade, ele visionário modernista? Seria perceber São Paulo em tod...

O POVO DE RUA DE UBATUBA

 Nos feriados, a cidade de Ubatuba dobra o seu número de habitantes. Quando isso acontece, logo retiram os moradores em situação de rua, de seus locais, porque consideram que estes prejudicam a "imagem" da cidade. A questão é que os moradores de rua somente são lembrados quando são considerados prejudiciais à cidade. Não existe em Ubatuba uma política de valorização do povo de rua, capaz de diagnosticar o que impede eles de encontrar saídas dignas para suas vidas. Não existe sequer um local de acolhimento que lhes garanta um banho, uma refeição e uma cama. Saio toda semana para levar comida e conversar com eles.  Alguns querem voltar a trabalhar, mas encontram dificuldade em conseguir, tão logo sabem que eles vivem na rua e não possuem moradia fixa. Outros tem claro problema físico que lhes impede mobilidade. Outros ainda, convivem com drogas legais e ilegais.  O rol de causas que levaram a pessoa viver na rua é imenso, e para cada caso deve haver um encaminhamento de sol...

PEQUENO RELATO DE MINHA CONVERSÃO AO CRISTIANISMO.

 Antes de mais nada, como tenho muitos amigos agnósticos e ateus de várias matizes, quero pedir-lhes licença para adentrar em seara mística, onde a razão e a fé ora colidem-se, ora harmonizam-se. Igualmente tenho muitos amigos budistas e islamitas, com quem mantenho fraterna relação de amizade, bem como os irmãos espíritas, espiritualistas, de umbanda, candomblé... Pensamos diferente, mas estamos juntos. Podemos nos compreender e nos desentender com base  tolerância.  O que passo a relatar, diz respeito a COMO DEIXEI DE SER UM ATEU CONVICTO E PASSEI A CRER EM JESUS CRISTO SEGUINDO A FÉ CATÓLICA. Bem, minha mãe Sebastiana Souza Naves era professora primária, católica praticante,  e meu pai, Sólon Fernandes, Juiz de Direito, espírita. Um sempre respeitou a crença do outro. Não tenho lembrança de dissensões entre ambos,  em nada; muito menos em questões de religião. Muito ao contrário, ambos festejavam o aniversário de casamento, quando podiam, indo até aparecida d...