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O Sudão se prepara para uma guerra de secessão


Faltando menos de 2 meses para a independência do sul do Sudão começa conflito armado que pode redundar em longa sengrenta guerra que tem motivos econômicos(petróleo e água), e religiosos(islamisto e cristianismo), como pano de fundo. Veja matéria obtida do Zenit


Cartum ocupa Abyei e há uma nova emergência humanitária


2 de junho de 2011 (ZENIT.org) - Num momento em que faltam menos de dois meses para o seu nascimento como estado independente, programado para 9 de julho, a sombra de um novo conflito armado se estende pelo sul do Sudão. O governo do norte, no dia 21 de maio, mandou seus tanques para Abyei e assumiu o controle da capital da disputada província que se encontra entre o norte e o sul. O movimento em Cartum provocou o protesto da comunidade internacional, que teme um retorno à guerra em escala mais ampla.


A tensão na região de Abyei, que possui estatuto especial, aumentou até o grau máximo, depois de um assalto realizado no dia 20 de maio contra um comboio militar de soldados de Cartum escoltado pelos capacetes azuis da Missão das Nações Unidas no Sudão (UNMIS). O norte acusou o sul do ataque, tese que não foi desmentida por fontes diplomáticas ocidentais. Segundo o New York Times (22 de maio), forças do sul realizaram ao menos duas emboscadas em maio contra militares do norte, provocando dezenas de vítimas.


Segundo o jornal, a resposta do norte ao último ataque parece ter sido “bem planejada”. Aviões de Cartum, que partiram da base de El Obied, que já teve um papel-chave na longa guerra civil entre o norte e o sul, bombardearam, na sexta-feira passada, pontos estratégicos na cidade e nos arredores, preparando o caminho para a chegada de tropas terrestres, que invadiram Abyei no dia seguinte, com dezenas de tanques e milhares de soldados.


Um segundo gesto de desafio foi lançado pelo governo do presidente sudanês Omar Hassan al-Bashir. É um decreto que põe fim à administração mista de Abyei, fruto do Comprenhensive Peace Agreement (CPA, ou Acordo Geral de Paz), firmado em janeiro de 2005, em Nairóbi, Quênia, entre o governo e os rebeldes do Exército Popular para a Libertação do Sudão (SPLA/M).


Enquanto a situação sobre o terreno foi definida como “instável e tensa” (The New York Times, 29 de maio) por um porta-voz da ONU em Abyei, Kouider Zerrouk, os últimos fatos confirmam o que já se sabia. Abyei é – como escreveu Irene Panozzo, estudiosa da Universidade de Durham – o “nervo descoberto” na relação entre o norte e o sul, “uma ferida que nunca cicatrizou totalmente” (La Repubblica, 28 de maio). A região de Abyei é rica em petróleo e em água.


A decisão do governo sudanês de tomar o controle de Abyei suscita suspeitas sobre as verdadeiras intenções do presidente al-Bashir, sobre quem ainda pesa uma ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional de Haia. Depois da invasão de Abyei, o homem forte do norte, que tinha assegurado há poucos meses à comunidade internacional que respeitaria o resultado do referendo (98,83% votaram pela independência), declarou no entanto que Cartum não tem nenhuma intenção de se retirar. “Abyei é território do norte do Sudão”, afirmou al-Bashir (The Washington Post, 27 de maio). Dado que os principais poços petrolíferos sudaneses (quase 80%) concentram-se no futuro Sudão do Sul, Cartum não quer perder também os recursos naturais de Abyei.


Enquanto isso, também foi claro um expoente do governo do sul do Sudão. “Sem Abyei não há diálogo sobre outras questões: não perderemos tempo discutindo a dívida externa, direitos de cidadania ou propriedade do petróleo”, afirmou o ministro para a Cooperação Regional, Deng Alor (Misna, 27 de maio).


Como era temido, a nova onda de violência criou a enésima emergência humanitária na região. Segundo o Departamento de Coordenação para os Assuntos Humanitários (OCHA, sigla em inglês) da ONU, a ofensiva de Cartum provocou a fuga de pelo menos 40.000 pessoas. Das imagens recolhidas pelo Satellite Sentinel Project (SSP), deduz-se que um terço das estruturas civis da cidade de Abyei foram reduzidas a cinzas. Também um ponto estratégico do sul da cidade foi destruído. A ONU fala de uma verdadeira “limpeza étnica patrocinada pelo Estado” (Agence France-Presse, 29 de maio).


(Paul De Maeyer)

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