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O Porra Louca

espermaNo anedotário político que assisti desde minha juventude, em participação no movimento secundarista, até os dias de hoje, um tipo de militante sempre se destacou pela eloquência e inconsequência.

Refiro-me à figura do PORRA LOUCA.

O termo em si, quase diz tudo o que se pretende explicar.

É uma ejaculação sem direção, perdida dos conformes e das medidas.

O Porra Louca é uma figura admirada por todos, porque está presente sempre que acontece uma reunião, uma assembléia, um debate.

Seu papel é questionar as posições existentes como inconsequentes, cheio de niilismo para com tudo, menos para si.

Milagrosamente é o que possui as melhores idéias. Belas idéias, mas pouco práticas.

Não consegue sair do discurso para a prática, porque deixa vulnerável sua posição "teórica".

Mas agita bastante, o suficiente para bagunçar com os objetivos de qualquer encontro.

Quando termina uma reunião, uns 30% dos participantes já estão desestimulados em participar de outra, em face da inutilidade desta.

Outros 30% saem confusos e sem idéias mais estruturadas, e 40% ficam putos da vida com o Porra Louca, devido ao estrago que causa.

No mundo sindical, o Porra Louca que fazer de uma greve uma revolução e derrubar o capitalismo ali mesmo, na marra.

O máximo, entretanto que consegue, é provocar uma péssima negociação da categoria com o patrão, deixando-a sem saída e a mercê das imposições da justiça do trabalho.

Mais tarde, o Porra Louca culpa a diretoria do sindicato pelo insucesso, como se nada tivesse a ver com isto.

Normalmente o Porra Louca é uma pessoa ou corrente política que se coloca contra o sistema de fora do sistema, não aceitando sob hipótese alguma, qualquer participação nas esferas do poder, seja municipal, seja estadual, seja federal.

Se alguém de esquerda ocupar tal posição, é imediatamente execrado pelo Porra Louca. 

Os banqueiros podem ocupar este espaço, os fazendeiros também, os donos das grandes corporações industriais igualmente, mas algum representate da esquerda...ah, isto é um sacrilégio.

Passam os anos e eles permanecem "puros" e sem nenhuma contribuição a trazer para a melhoria das condições de vida do povo, mas se orgulham por permmanecerem nas trincheiras da resistência.

Um dia a vida acaba e eles não serão lembrados, porque vida é inexorável e nos questiona diariamente sobre o que fizemos para os outros, principalmente os menos favorecidos.

Aí não serão encontrados os Porra Loucas, porque eles não aceitam o assistencialismo, pois o assistencialismo "retarda a revolução".

O Porra Louca deve ser sempre combatido.

Ele não tem nada a ver com o marxismo nem com o leninismo, mas gosta de dizer que tem, sendo ele mesmo "o melhor representante deste pensamento".

Existe hoje um bom número de Porras Loucas por aí achando-se o máximo, enquanto não fazem nada de útil para o Brasil e o mundo.

Trovejam, esperneiam, acham-se os tais.

Deixam até cavanhaques para se assemelharem aos seus teóricos de origem, os quais não entendem, mas dizem que seguem.

Muito louco, muita porra louca. 

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