A noite é silenciosa.
Felizmente a maioria se aquieta.
Cessam-se as tolices,
os vãos questionamentos.
Emudecem as más linguas,
e até as carnes sedentas de carnes.
Tenho o ambiente
do encontro pessoal
do encontro pessoal
com o impessoal,
questionamento de tudo
comigo,
mudo.
Tenho uma paz dolorida
de quem poderia
ter feito mais
e enveredou-se
por vários
trajetos.
Olho para o mundo
esquecido de mim,
sem mim
Os canais fechados
tem a senha do dinheiro,
do status.
Hoje comemoro
o Dia dos Mortos.
o Dia dos Mortos.
Meus pais se foram,
e tornei-me pai
testemunhando-os
aos que amanhã
também serão pais.
Sequência inviolável
chamada família.
Há uma inutilidade
em tudo,
a ser superarada
pela descoberta
pela novidade,
pela descoberta
pela novidade,
reciclagem
dos retalhos
materiais e ideais,
investigando
novas formas.
A noite não justifica ,
mais angustia que explica.
Lança na compreenção
da superficialidade humana,
o desinteresse do homem
pelo seu semelhante.
Não desejo mais
explicar nada
a ninguém.
Todos estão
voltados
para suas
rotinas
que se bastam.
Tento
acomodar
a existência
na ausência
de procuras,
de satisfação
inodora.
Respiro
o Ruah de Deus
vendo o que não agrada,
ansiando rompimentos
de cadeias encerradas.
Os que se foram fazem falta
na infância que perdi,
os que permanecem me encontram
na maturidade que adquiri.
Que venha o dia
com o seu turbilhão
desordenado.
Que surja o sol
no horizonte,
e que os carros
ganhem as ruas,
em grandes
congestionamentos.
Talvez me cure
esta confusão
sem sentido,
das minhas
doloridas
insônias
noturnas.
Por isso
desperto
à noite,
e durmo
pela
manhã
a dentro.
Um beijo
aos que se foram
e um escarro
aos que se esquecem
da vida.
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