Pular para o conteúdo principal

O assassinato de carroceiros no centro de Sampa

Existem algumas ocupações, poucas, que servem de porta de saída do povo da rua.

Elas permitem que o morador de rua faça uma pequena poupança que lhe consiga alugar um quarto em pensões da região.

Uma vez num quarto, tem direito a um banho, e higiene, o que lhe faz ir modificando os seus hábitos e adquirindo novos, melhores para a qualidade de sua vida.

Ser carroceiro é uma delas.

Conheço vários carroceiros.

É preciso que eles tenham já uma economia prévia para adquirir o carrinho, e uma vez com ele podem iniciar um trabalho de coleta.

Existem os carroceiros que são cooperados e existem os mais autônomos.

Alguns carroceiros são mais responsáveis, outros nem tanto.

Alguns abrem as sacolas de lixo, retiram o material reciclável, e fecham novamente as sacolas.

Outros fazem o inverso, deixando tudo aberto e caído pelo chão. É um processo que exige orientação profissional.

Bem, não sei as razões para dois carroceiros terem sido queimados vivos estes dias no centro de São Paulo, mas decerto nenhuma razão justifica esta abominação.

Um, inclusive, foi achado amarrado dentro do carrinho queimdo.

O povo de rua que trabalha com carrocinha está realmente preocupado com estas mortes violentas.

A polícia não se interessa porque são "meio cidadãos", com "meios direitos" para serem "meio protegidos".

De fato eles muitas vezes estão na outra ponta da linha, o lado dos suspeitos e dos criminosos.

Queremos proteção, urgente, a estes irmãos que estão se libertando da condição humilhante de se verem obrigados a morar nas ruas, sem apoio e sem família.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como devia estar a cabeça de Mário de Andrade ao escrever este poema?

Eu que moro na Lopes Chaves , esquina com Dr.Sérgio Meira, bebendo atrasado do ambiente onde Mário de andrade viveu, e cuja casa é hoje um centro cultural fechado e protegido a sete chaves (que ironia) por "representantes" da cultura, administrada pela prefeitura... Uma ocasião ali estive, e uma "proprietária da cultura" reclamou que no passado a Diretoria da UBE - União Brasileira de Escritores, da qual fiz parte,  ali se reunia, atrapalhando as atividades daquele centro(sic). Não importa, existem muitos parasitas agarrados nas secretarias e subsecretarias da vida, e quero distância desta inoperância. Prefiro ser excluído; é mais digno. Mas vamos ao importante. O que será que se passava na cabeça do grande poeta Mário de Andrade ao escrever "Quando eu morrer quero ficar". Seria um balanço de vida? Balanço literário? Seria a constatação da subdivisão da personalidade na pós modernidade, ele visionário modernista? Seria perceber São Paulo em tod...

O POVO DE RUA DE UBATUBA

 Nos feriados, a cidade de Ubatuba dobra o seu número de habitantes. Quando isso acontece, logo retiram os moradores em situação de rua, de seus locais, porque consideram que estes prejudicam a "imagem" da cidade. A questão é que os moradores de rua somente são lembrados quando são considerados prejudiciais à cidade. Não existe em Ubatuba uma política de valorização do povo de rua, capaz de diagnosticar o que impede eles de encontrar saídas dignas para suas vidas. Não existe sequer um local de acolhimento que lhes garanta um banho, uma refeição e uma cama. Saio toda semana para levar comida e conversar com eles.  Alguns querem voltar a trabalhar, mas encontram dificuldade em conseguir, tão logo sabem que eles vivem na rua e não possuem moradia fixa. Outros tem claro problema físico que lhes impede mobilidade. Outros ainda, convivem com drogas legais e ilegais.  O rol de causas que levaram a pessoa viver na rua é imenso, e para cada caso deve haver um encaminhamento de sol...

PEQUENO RELATO DE MINHA CONVERSÃO AO CRISTIANISMO.

 Antes de mais nada, como tenho muitos amigos agnósticos e ateus de várias matizes, quero pedir-lhes licença para adentrar em seara mística, onde a razão e a fé ora colidem-se, ora harmonizam-se. Igualmente tenho muitos amigos budistas e islamitas, com quem mantenho fraterna relação de amizade, bem como os irmãos espíritas, espiritualistas, de umbanda, candomblé... Pensamos diferente, mas estamos juntos. Podemos nos compreender e nos desentender com base  tolerância.  O que passo a relatar, diz respeito a COMO DEIXEI DE SER UM ATEU CONVICTO E PASSEI A CRER EM JESUS CRISTO SEGUINDO A FÉ CATÓLICA. Bem, minha mãe Sebastiana Souza Naves era professora primária, católica praticante,  e meu pai, Sólon Fernandes, Juiz de Direito, espírita. Um sempre respeitou a crença do outro. Não tenho lembrança de dissensões entre ambos,  em nada; muito menos em questões de religião. Muito ao contrário, ambos festejavam o aniversário de casamento, quando podiam, indo até aparecida d...