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Minhas corridas pelo centro de São Paulo

Costumo fazer uns 10 km a cada dois dias, em corrida leve, pelo centro de nossa querida São Paulo.
Saio da Barra Funda, próximo a Pça Mal Deodoro e sigo até a Av. Rio Branco. De lá vou até o Anhangabaú, por onde passo e subo até a rua 15 de novembro, indo até a Sé.

Da Sé, volto pela Camara Municipal, Teatro Municipal, Pça da República, Lgo do Arouche, São João, e novamente Barra Funda.

Bem, tenho que dizer que a cidade está suja. Lixo largado pelas ruas, poucos varredores trabalhando.

A quantidade de povo de rua que é obrigada a levantar-se das calçadas é imensa e perambula ou permanece sentada nas praças do centrão.

Ninguém oferece alguma alternativa a estes abandonados. Ficam lá esperando o dia passar, sem fazer nada, para depois dormir, e seguir a mesma rotina bizonha, kafkiana.

Hoje no jornal saiu uma matéria onde o prefeito Kassab quer encontrar um artifício jurídico que o permita fechar a cracolândia.

Penso com meus botões se ele quer resolver o problema do vício, ou esconder os viciados por debaixo do tapete.

Creio que a segunda alternativa é mais possível, pois resolver o problema do vício significa grandes investimentos com retornos incertos, pois são pessoas com tal grau de destruição mental, que dificilmente se recuperarão para alguma atividade, e se isto ocorrer será com uma minoria.

Seja como for, é nestas circunstâncias que vemos se esta é uma pessoa que pensa no próximo mais do que nela mesma ou aos seus apadrinhados.

Sou por investir no incerto, não esperando retorno, mas com vontade de ajudar alguém a sair desta prisão das drogas.

A Pça Princesa Isabel está repleta de abandonados dormindo nos seus jardins. Pela manhã chega a polícia e faz saírem. Quando a polícia não vem, então continuam dormindo por lá mesmo, e impedem a presença de mulheres com crianças na praça durante a primeira parte das manhãs.

Ontem à noite, voltando da faculdade, encontrei a guarda do Metrô tentando acordar um mendigo que dormia na entrada da estação Mal Deodoro, com suas calças arreadas até os pés, nú, como Deus criou. e estava frio.

Mas o irmão deveria estar mais do que chapado, ou bêbado, e não respondia, pois não sentia nada. Estava, isto sim, completamente desacordado.

Entre essas e outras vemos como Sampa está.

Cidade fria, e desumana.

Com muita gente cheia de intenções, mas como diz o ditado, de boas intenções.....

Comentários

Caro João: Corri muito, na juventude, pelo Centro. Brinquei três São Silvestre, no tempo em que a prova ocorria à noite. Sua crônica é, para mim, uma viagem no tempo, pois o que vê em suas atuais corridas, é o que eu via: gente caída pelas calçadas, sujeira, violência no trânsito... Dói saber que São Paulo tem tudo pra ser melhor, e não é.
Muito interessante interagir com o povo, naturalmente, em meio a sujeira,miséria. Creio que é mais realista que estar em um bairro classe A, que reúne as condições de limpeza e higiene. Busco a simplicidade com naturalidade, sem querer me mostrar. Obrigado.JP

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