Pular para o conteúdo principal

Genebra 2, uma reunião de cúpula que procura uma saída de paz para a Síria

Santa Sé participa. Objetivos são o fim da violência, o diálogo, a ajuda humanitária e a liberdade religiosa
Por Sergio Mora
22 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - Começaram em Montreux, na Suíça, uma série de reuniões prévias à conferência de paz Genebra 2, em que os principais países do mundo procurarão uma solução para o conflito na Síria. Desde o começo da revolta pacífica contra o regime de Bashar al-Assad, em março de 2011, e a conseguinte guerra civil em que participam forças estrangeiras, o país contabiliza 130 mil mortos e 2,4 milhões de refugiados.
As delegações, que são cerca de quarenta e cinco, manterão diálogo direto com o regime de Assad e com os grupos rebeldes que aceitaram participar da conferência de paz sob a égide das Nações Unidas.
A Santa Sé, observadora permanente na ONU, foi convidada a participar do evento. O Vaticano enviou seu observador em Genebra, mons. Silvano Tomasi. A Secretaria de Estado do Vaticano enviou mons. Alberto Ortega Martín.
Entre os problemas abordados estará o futuro do presidente Assad. Os Estados Unidos, a Europa e os rebeldes filo-ocidentais pedem que ele abandone o poder. O presidente sírio, apoiado por Rússia e China, porém, não quer deixar o cargo e deverá propor novas eleições, nas quais concorreria.
Não há grande consenso quanto à composição do governo de transição, nem sobre o cessar fogo, nem sobre a criação de corredores humanitários. Outro tema delicado da agenda é o intercâmbio de prisioneiros.
O secretário de estado norte-americano, John Kerry, e seu colega russo, Sergey Lavrov, se encontraram poucas horas antes da primeira reunião na Suíça, em Montreux. O presidente Barack Obama e o chefe do Kremlin, Vladimir Putin, também intercambiaram pontos de vista sobre Genebra 2 por telefone. Moscou declarou que a conversa foi “construtiva”. Além da Síria, falou-se da questão nuclear do Irã e das relações bilaterais.
Em 13 de janeiro, durante a audiência com o corpo diplomático credenciado junto ao Vaticano, o papa Francisco manifestou os seus votos de que a conferência internacional Genebra 2 "seja o começo do desejado caminho de pacificação" na Síria. É "imprescindível respeitar plenamente o direito humanitário" e não é aceitável “atingir a população civil inerme, em particular as crianças", completou o papa.
Francisco recordou o “elogiável esforço dos países, em especial do Líbano e da Jordânia, que acolheram em seus territórios, com generosidade, numerosos refugiados sírios". Ele pediu também “colaboração entre as diversas partes da sociedade civil [da Síria] e as forças políticas".
Poucos meses antes, em 5 de setembro, o papa tinha dito diante de 71 embaixadores creditados perante a Santa Sé que "é importante pedir a todos os grupos, em particular aos que tentam ocupar postos de responsabilidade no país, que ofereçam garantias de que na Síria de amanhã haverá lugar para todos, inclusive para as minorias, entre elas a dos cristãos".
Na semana passada, a Academia Pontifícia de Ciências realizou uma importante reunião com especialistas sobre a guerra civil na Síria, apelando pelo fim imediato da violência e pedindo o começo da reconstrução e do diálogo entre as comunidades.
Em 28 de dezembro de 2013, o secretário de Estado da Santa Sé, dom Pietro Parolin, e o secretário para as Relações com os Estados, dom Dominique Mamberti, receberam uma delegação do governo sírio em que estavam o ministro de Estado, Joseph Sweid, e o diretor para a seção Europa do Ministério de Assuntos Exteriores da Síria, Hussam Eddin Aala, antigo embaixador do país junto à Santa Sé. A delegação entregou uma mensagem do presidente Bashar al-Assad ao papa Francisco e informou sobre a atual posição do governo sírio.
Quanto às ações da Santa Sé pela paz, Francisco recebeu nos últimos meses diversos líderes políticos do Oriente Médio: o israelense Perez, o libanês Sleiman, o palestino Abu Mazen e o rei da Jordânia, Abdullah II. Além disso, a vigila de oração de 7 de setembro de 2013, na Praça de São Pedro, foi de notável relevância para frear a máquina de guerra que já estava sendo acionada no Ocidente para intervir na Síria.
O "ministro das Relações Exteriores" do Vaticano, Mons. Dominique Mamberti disse em 11 de novembro que os três princípios que deveriam nortear uma solução justa são:
- O trabalhar para restaurar o diálogo entre as partes para a reconciliação do povo sírio;
- Preservar a unidade do país, evitando a formação de diferentes áreas para os diversos componentes da sociedade;
- Assegurar além da unidade a integridade territorial do país;
E todos os grupos, disse o arcebispo francês, “especialmente os que querem cobrir cargos de responsabilidade no país, devem garantir que na Síria de amanhã haverá espaço para todos, também para as minorias religiosas, claramente incluído os cristãos”. Também disse “não pode ser esquecida a importância do respeito aos direitos humanos especialmente da liberdade religiosa”.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamad Javad Zarif, cujo país é o principal apoio internacional de Damasco, disse que sem a presença do seu país há pouca chance de chegar a um acordo.
Bashar al -Assad , disse nesta quarta-feira que a influência política e religiosa da Arábia Saudita é "uma ameaça para o mundo" e convidou a lutar contra o ‘wahabismo’’ referindo-se à doutrina religiosa sunita da Arábia Saudita , que é uma interpretação literal do Alcorão .
A Arábia Saudita enquanto isso dá total apoio aos rebeldes que lutam contra o regime de Assad.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como devia estar a cabeça de Mário de Andrade ao escrever este poema?

Eu que moro na Lopes Chaves , esquina com Dr.Sérgio Meira, bebendo atrasado do ambiente onde Mário de andrade viveu, e cuja casa é hoje um centro cultural fechado e protegido a sete chaves (que ironia) por "representantes" da cultura, administrada pela prefeitura... Uma ocasião ali estive, e uma "proprietária da cultura" reclamou que no passado a Diretoria da UBE - União Brasileira de Escritores, da qual fiz parte,  ali se reunia, atrapalhando as atividades daquele centro(sic). Não importa, existem muitos parasitas agarrados nas secretarias e subsecretarias da vida, e quero distância desta inoperância. Prefiro ser excluído; é mais digno. Mas vamos ao importante. O que será que se passava na cabeça do grande poeta Mário de Andrade ao escrever "Quando eu morrer quero ficar". Seria um balanço de vida? Balanço literário? Seria a constatação da subdivisão da personalidade na pós modernidade, ele visionário modernista? Seria perceber São Paulo em tod...

Profeta Raul Seixas critica a sociedade do supérfluo

Dia 21/08/2011 fez 22 anos que perdemos este incrível músico, profeta de um tempo, com críticas profundas à sociedade de seu tempo e que mantém grande atualidade em suas análises da superficialidade do Homem que se perde do principal e se atém ao desnecessário. A música abaixo não é uma antecipação do Rap? Ouro de Tolo (1973) Eu devia estar contente Porque eu tenho um emprego Sou um dito cidadão respeitável E ganho quatro mil cruzeirosPor mês... Eu devia agradecer ao Senhor Por ter tido sucesso Na vida como artista Eu devia estar feliz Porque consegui comprar Um Corcel 73... Eu devia estar alegre E satisfeito Por morar em Ipanema Depois de ter passado Fome por dois anos Aqui na Cidade Maravilhosa... Ah!Eu devia estar sorrindo E orgulhoso Por ter finalmente vencido na vida Mas eu acho isso uma grande piada E um tanto quanto perigosa... Eu devia estar contente Por ter conseguido Tudo o que eu quis Mas confesso abestalhado Que eu estou decepcionado... Porque ...

O que escondo no bolso do vestido - Poema de Betty Vidigal

Foi em uma conversa sobre a qualidade dos poemas, quais aqueles que se tornam mais significativos em nossa vida , diferentemente de outros que não sensibilizam tanto, nem atingem a universalidade, que Betty Vidigal foi buscar, de outros tempos este poema, "Escondido no Bolso do Vestido", que agora apresento ao leitor do Pó das Estradas, para o seu deleite. O que escondo no bolso do vestido  não é para ser visto por qualquer  um que ambicione compreender  ou que às vezes cobice esta mulher.  O que guardo no bolso do vestido  e que escondo assim, ciumentamente,  é como um terço de vidro  de contas incandescentes  que se toca com as pontas dos dedos  nos momentos de perigo,  para afastar o medo;  é como um rosário antigo  que um fiel fecha na palma da mão  para fazer fugir a tentação  quando um terremoto lhe ameaça a fé:  Jesus, Maria, José,  que meu micro-vestido esvoaçante  não v...