Pular para o conteúdo principal

Haddad e Netinho buscam diálogo com líderes dos Rolezinhos

RICARDO SENRA


Preocupado com os desdobramentos da onda de "rolezinhos", que ganharam a adesão de movimentos sociais, o prefeito Fernando Haddad (PT) está enviando emissários para negociar com os adolescentes que organizam os eventos.
O objetivo do prefeito, segundo relataram os jovens contatados à Folha, é tentar convencê-los a transferir os encontros dos shoppings para espaços públicos.
Ao mesmo tempo, também planeja se reunir com os centros de compras para evitar medidas discriminatórias.
Adriano Vizoni - 20.nov.2013/Folhapress
Haddad com o secretário Netinho de Paula durante evento em comemoração ao Dia da Consciência Negra, ao passado
Haddad com o secretário Netinho de Paula durante comemoração ao Dia da Consciência Negra
O escolhido para dialogar com os grupos é o secretário municipal da Igualdade Racial, Netinho de Paula. Ele ordenou que funcionários fossem até a casa desses jovens para convidá-los a se reunir com o prefeito.
"Determinei que fizéssemos o monitoramento da internet e os chamássemos [os jovens] para conversar", afirmou Netinho. "Eu tenho diálogo com eles, eles conhecem minha origem."
O tema, diz o secretário, é prioridade para Haddad. "O prefeito delegou que eu tratasse do assunto e todo dia me liga para saber como está tudo", afirmou.
As visitas aos adolescentes ocorreram um dia após a presidente Dilma Rousseff marcar uma reunião de emergência com os ministros para discutir os "rolezinhos".
O governo teme que os eventos ganhem proporção semelhante aos protestos de rua do ano passado. Um das principais preocupações é evitar a adesão dos adeptos da tática "black bloc".
Os eventos também preocupam o governo do Estado.
Ontem, o secretário da Segurança, Fernando Grella Vieira, também demonstrou preocupação ao falar sobre o possível uso da força policial para conter os tumultos causados pelos eventos.
Em nota, afirmou que os "rolezinhos" são fenômenos culturais e, por isso, não devem ser tratados como crime ou casos de polícia.
O texto foi divulgado logo após uma reunião entre o secretário e o comandante da Polícia Militar, Benedito Roberto Meira, para discutir a forma como a polícia deve lidar com o fenômeno que tem surpreendido as autoridades, como ocorreu nas manifestações de junho passado.
A repressão violenta por parte da PM num dos primeiros protestos acabou fomentando ainda mais as manifestações por todo o país.
CONVERSA
De acordo com Netinho, a reunião com os adolescentes só vai ocorrer após a conversa com os shoppings, programada para semana que vem.
"Estamos buscando um entendimento entre as administrações dos shoppings e os meninos", afirmou. "Eles querem frequentar os shoppings como qualquer cidadão paulistano. Eu acho que é possível isso acontecer."
Uma das soluções sugeridas por Netinho seria o uso dos estacionamentos dos shoppings para os encontros.
Organizadores de "rolezinhos" contaram à reportagem que foram surpreendidos por funcionários da prefeitura na porta de suas casas na manhã de ontem.
"Vamos conversar com o Haddad para dar uma ajeitada nos eventos e mudar de lugares privados para lugares públicos", contou o estudante Rafael Paixão, 17, um dos organizadores do "rolezinho" marcado para o dia 24 (sábado) no shopping Aricanduva.
Segundo o secretário Netinho, os jovens inicialmente demonstraram resistência pelo fato de os encontros acontecerem na prefeitura, mas depois entenderam.
Colaborou ROGÉRIO PAGNAN 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Soneto de Dom Pedro Casaldáliga

Será uma paz armada, amigos, Será uma vida inteira este combate; Porque a cratera da ... carne só se cala Quando a morte fizer calar seus braseiros. Sem fogo no lar e com o sonho mudo, Sem filhos nos joelhos a quem beijar, Sentireis o gelo a cercar-vos E, muitas vezes, sereis beijados pela solidão. Não deveis ter um coração sem núpcias Deveis amar tudo, todos, todas Como discípulos D'Aquele que amou primeiro. Perdida para o Reino e conquistada, Será uma paz tão livre quanto armada, Será o Amor amado a corpo inteiro. Dom Pedro Casaldáliga

UM CORPO ESTENDIDO NO CHÃO

 Acabo de vir do Largo de Pinheiro. Ali, na Igreja de Nossa Senhora de M Montserrat, atravessa  a Cardeal Arcoverde que vai até a Rebouças,  na altura do Shopping Eldorado.   Bem, logo na esquina da igreja com a Cardeal,  hoje, 15/03/2024, um caminhão atropelou e matou um entregador de pão, de bike, que trabalhava numa padaria da região.  Ó corpo ficou estendido no chão,  coberto com uma manta de alumínio.   Um frentista do posto com quem conversei alegou que estes entregadores são muito abusados e que atravessam na frente dos carros,  arriscando-se diariamente. Perguntei-lhe, porque correm tanto? Logo alguém respondeu que eles tem um horário apertado para cumprir. Imagino como deve estar a cabeça do caminhoneiro, independente dele estar certo ou errado. Ele certamente deve estar sentindo -se angustiado.  E a vítima fatal, um jovem de uns 25 anos, trabalhador, dedicado,  talvez casado e com filhos. Como qualquer entregador, não tem direito algum.  Esta é minha cidade...esse o meu povo

Homenagem a frei Giorgio Callegari, o "Pippo".

Hoje quero fazer memória a um grande herói da Históra do Brasil, o frei Giorgio Callegari. Gosto muito do monumento ao soldado desconhecido, porque muitos heróis brasileiros estão no anonimato, com suas tarefas realizadas na conquista da democracia que experimentamos. Mas é preciso exaltar estas personalidades cheias de vida e disposição em transformar o nosso país numa verdadeira nação livre. Posso dizer, pela convivência que tive, que hoje certamente ele estaria incomodado com as condições em que se encontra grande parte da população brasileira,  pressionando dirigentes e organizando movimentos para alcançar conquistas ainda maiores, para melhorar suas condições de vida. Não me lembro bem o ano em que nos conhecemos, deve ter sido entre 1968 e 1970, talvez um pouco antes. Eu era estudante secundarista, e já participava do movimento estudantil em Pinheiros (Casa do estudante pinheirense - hoje extinta), e diretamente no movimento de massa, sem estar organizado em alguma escola,