Rolezinho: Movimento social informal da nova classe média confronta espaços reservados para a burguesia.





O Brasil passa por rápidas mudanças sociais que foram deflagrados pelos programas sociais dos Governos Lula e Dilma, e ainda que muitos os odeiem, são obrigados a reconhecer isto.

O fato inconteste é que milhões de brasileiros foram retirados das zonas de pobreza, e passaram a constituir parcelas novas da classe média brasileira.

Fazer parte da nova classe média, entretanto, não é automático nem cartorial.

É preciso romper o gueto a que foram submetidos estes pequenos brasileiros, sem poder usufruir das mesmas benesses das elites por décadas, e porque não dizer séculos.

É exatamente neste novo contexto que devem ser vistas as manifestações do chamado "Rolezinho".

São inúmeros jovens que saboreiam uma vida nova, à partir dos anos 2.000, ao mesmo tempo em que se vêem privados de participar desta.

Os espaços reservados a esta nova classe média periférica ainda são os antigos, de quando viviam na pobreza, os terrenos, os bares, os bailes funk. São por demais conhecidos, e talvez já não os encantem mais tanto assim.

Não os atrai mais: querem ser iguais.

Têm este direito.

Gosto muito da frase de Marx quando afirma que a "democracia é uma igualdade formal que esconde uma desigualdade coletiva".

Nada mais atual

E esta ansiedade de status social conseguiu encontrar eco nas redes sociais, como o movimento dos jovens em julho de 2013, facilitando ações informais para expressar seus desejos por coabitar espaços da elite.

É o que está acontecendo.

Por seu turno a elite brasileria, que circula em ilhas de segurança máxima, entre condomínios fechados e grandes Shoppings, exatamente para evitar este encontro, não aceita ceder esta participação no mesmo espaço, por mesclar o seu affaire, tornando-o "brega".

É uma 25 de Março em plena Avenida Morumbi.

A Associação dos Shoppings Centers viu-se, de uma hora para a outra, defronte a uma situação embaraçosa, em que foi obrigada a fazer uma escolha social, descartando esta onda jovem, e classificando-a como delituosa.

Obtiveram mandados de segurança para se proteger da juventude roleira, com pesadas multas individuais (R$ 10.000,00) a quem infringisse a decisão judicial de impedir a entrada nos jovens nos Shoppings.

Ainda, contra a lei, solicitaram a polícia do estado entrar nos aposentos dos shoppings para protegê-los.

Nada mais ilegal.

O "rolezinho", entretanto, vai se espalhando por todo o território nacional,  mostrando que as redes sociais informais destituídas de ideologia, transformadas em movimentos espontâneos, expressam um desejo de status não reconhecido.

É a primeira versão do liberto: imitar o seu dominador.

 Este movimento cresce e se diversificam a todo instante, rapidamente.

Não está descartada, portanto, a manipulação deste, ou de outros movimentos que certamente ainda virão neste ano.

Trata-se de situação de imprevisibilidade, que pode por fogo, e modificar até mesmo o quadro eleitoral do país, abrindo um elevado grau de incertezas quanto ao futuro da vida política nacional.

Novidades certamente virão, e poderão virar jogos de cartas marcadas, seja para a situação, seja para a oposição.

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