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Shopping JK: lá os negros são somente faxineiros, empregados e babás

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Marcado para o último sábado (11), o “Rolezaum no Shoppim”, evento criado no Facebook com cerca de 2.220 pessoas confirmadas, não aconteceu, porém recheou os noticiários com cenas de racismo, discriminação e preconceito. Um verdadeiro apartheid à moda brasileira.
Seis shoppings paulistas tiveram o apoio da Justiça para bloquear suas portas automáticas para que policiais e seguranças particulares identificassem quem poderia, ou não, passar. O principal alvo do preconceito: menores desacompanhados, de baixa renda e negros.
O shopping JK Iguatemi, um dos templos do consumismo luxuoso da capital paulista, colou o seguinte comunicado nas portas de acesso ao seu centro comercial: “O Shopping Center JK Iguatemi esclarece que obteve liminar no sentido de proibir a realização do movimento ‘ROLEZAUM NO SHOPPIM’ nos limites do empreendimento, quer em sua parte interna ou externa, sob pena de incorrer cada manifestante identificado na multa de R$ 10 mil por dia”, afirma o cartaz.
Em outro centro comercial, esse mais modesto e popular, localizado no bairro de Itaquera, Zona Leste de São Paulo, a PM – com sua típica atuação-, chegou a usar bombas e balas de borracha. A verdade é que a mídia distorce diariamente: o Estado tem usado a força para impedir o direito de jovens pobres e da periferia de ir e vir.
Os chamados “rolezinhos” estão sendo agendados por jovens destes bairros periféricos por meio das redes sociais e a ação desse último fim de semana seria mais indigesta, pois o local escolhido foi um shopping freqüentado pela elite – o Shopping JK Iguatemi-, e é localizado no caríssimo bairro do Itaim Bibi. Vale lembrar que o tal centro comercial em questão é de Carlos Jereissatti, dono da La Fonte Participações, que controla o grupo de shoppings Iguatemi que é Irmão de Tasso Jereissait (PSDB-CE), ex-governador do Ceará, ex-senador e também empresário.
Em entrevista para equipe de reportagem do Estadão, um advogado que passeava no shopping com a mulher disse: “Tem gente falando que esses ‘rolezinhos’ são uma manifestação de vanguarda, mas isso é uma grande bobagem. E duvido que fosse acontecer aqui. Esse shopping é do Jereissati. Se acontece alguma coisa, o governador manda um batalhão inteiro da Policia Militar”, afirmou o advogado João Antônio Carlos da Silva, que fazia compras ao lado da mulher e da filha na tarde deste sábado.
Vanguarda ou não, a questão é que se trata de jovens querendo se encontrar. Um shopping não pode definir quem entra ou não entra. Onde existem lugares com limitações raciais e de classe em relação a quem pode freqüentar, já é conhecido pela história da humanidade e tem nome: chama-se apartheid.
rolezinho-no-shopping-sp-racismoA convocação desses jovens, essa gente “diferenciada”, é vista com desconfiança pelas famílias brancas de classe média-alta que passam suas tardes nestes estabelecimentos blindados e a expedição de tal liminar escancara a ideia de que alguns brasileiros são mais cidadãos do que outros e alguns espaços são mais exclusivos que outros e o consumo não é , evidentemente, para todos.
São apenas jovens que querem se divertir e cantar suas músicas preferidas. Os jovens da classe média fazem isso o tempo todo e tem espaço para tal. Uma reunião com vários jovens de classe média é chamada de flash mob, já no caso de dos jovens mais pobres o nome é outro: arrastão (mesmo quando não ocorre nenhum roubo).
Esses adolescentes da periferia, na maioria negros, incomodam quando saem do seu lugar pré-estabelecido e “invadem” a rotina dessas famílias burguesas que se veem obrigadas a conviver com a realidade desses garotos. A muralha que o “rolezaum” escancarou é formada por uma Justiça conveniente com a desigualdade. Ao que parece, no estado de São Paulo, é possível que o apartheid tenha dado certo.
Fonte: Portal da União da Juventude Socialista, por Natália Padalko

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