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Ousar eliminar a pobreza do Brasil





Dentre as várias marcas atingidas pelo Governo Lula, uma tornou-se a principal responsável pela sua alta avaliação, permitindo-lhe fazer sua sucessora, Dilma Rousseff: a de provocar a ascenção social de 27  milhões de pessoas, antes banidas de uma condição de vida digna.

O silêncio de Serra e Marina, quando Dilma vinha com estes números  na campanha presidencial, mostravam o quanto significavam este resultados.

Lula foi chamado de incompetente, de tolerante com a corrupção, despreparado, analfabeto, enfim, em suas duas gestões, não faltaram críticas, de todos os tipos, verdadeiras e falsas, mas, fato interessante, estas críticas nunca chegaram a ferir mortalmente o peão, por uma única razão, a de que ele tinha um foco claro em seus objetivos: valorizar o homem brasileiro.

Valorizar o homem brasileiro, pode ser um jogo de palavras.

Ocorre que o nosso país, sempre tão aberto a receber pessoas do mundo inteiro, sejam italianos, japoneses, africanos, árabes e judeus, mas também coreanos e chineses,bolivianos, etc., nunca fez o resgate de seu próprio povo, o povo brasileiro, aquele que vem se formando à séculos, fruto de uma miscigenação de portugueses, índios, negros.

Este povo brasileiro, vem construindo a nação com o esforço e destemor.

Ergue edifícios e trabalha nas fábricas, pesca, lavra a terra, cultiva, vende os produtos. Este esforço, entretanto, não era até então recompensado.

Enquanto assistíamos vários povos imigrantes obterem o sucesso e a realização profissional, ao mesmo tempo pemanecia a discriminação e o esquecimento para esta grande camada popular da população brasileira.

Exceção feita aos setores médios da população, que de uma forma ou de outra, conseguiram formar seus filhos e projetá-los no mercado de trabalho e na vida política do país, tornando-se um setor egoísta e desinteressado  a uma valorização que abrisse uma competição a si mesmo.

O Bolsa Família foi tratado (fora o período eleitoral, para não perder votos)  como um instrumento formador de "vagabundos e desocupados", de "votos de cabresto", e outras coisas mais.

As pessoas que se utilizaram durante estes anos do Bolsa Família foram tratados com toda sorte de discriminação social.

Por isso, o resgate de grandes parcelas da população para novo patamar social, pode ser considerado como um grande acontecimento,  uma grande vitória do povo brasileiro, tão grande como foi a independência ou a Proclamação da República.

Mas a pergunta que vem à mente é se o Bolsa Família, não é mesmo, o responsável pela projeção de 27 milhões de pessoas?

E aí está a falácia que por todo este tempo vitimou o povo pobre do país.

Não, o Bolsa Família não é o responsável direto pela valorização de 27 milhões de pessoas.

Matéria trazida pela Folha de São Paulo de 14 de novembro, de Fernando Canzian, mostra que o principal responsável por este novo Brasil não é  Bolsa Família, mas o aumento do mercado de trabalho, com uma participação de 71% de impacto sobre o aumento do rendimento da população.

O Bolsa Família, junto com outos Programas Sociais, responde por tão somente 5,3% deste aumento.

Se o Bolsa família tivesse que ser o responsável pelo aumento do rendimento da população, ele deveria ter uma injeção de recursos monetários bem maior que os atuais R$ 13,4 bilhões ao ano, atendendo 12,7 milhões de famílias.

Atualmente o Bolsa Família representa 0,4% do PIB, o que é considerado muito pouco.

Os cálculos do Centro de Políticas Sociais da FGV estimam em mais R$21,3 bilhões ao ano, em cima dos atuais R$13,4 bilhões, se quiser o governo realmente erradicar a pobreza no país, isto desconsiderando o processo de desenvolvimento. 

O maior responsável pela elevação da renda média vem diretamente da melhora do mercado de trabalho.

A criação de 14 milhões de empregos formais, fruto de um crescimento econômico em torno de 5% ao ano é o maior responsável por isto.

A elevação do salário mínimo em 53% acima da inflação teve um impacto menor, contribuindo principalmente para elevar o consumo, a produção e o emprego.

As previsões atuais, segundo Clemente Ganz Lúcio, do Dieese, dizem que já no governo Dilma, a correlação entre o aumento do PIB e a ocupação não será mais de 1 para 1, como com Lula, mas de 1 para 0,5 ou 0,7 durante o Governo Dilma, considerando-se o crescimento ainda em torno de 5% anuais.

Isto se deve às projeções de programas de produtividade na nova fase da economia brasileira, que devem economizar postos de trabalho, fazendo com que o crescimento de 1 ponto do produto interno Bruto represente menos empregos.

O Bolsa Família pode ser visto, neste caso, como um contrapeso ao crescimento econômico e de emprego.

Se o crescimento não ocorrer como esperado, o Bolsa Família começará a ter uma importância cada vez maior.

Visto isto concluimos que a grande luta está em fazer o nosso país continuar crescendo a níveis cada vez maiores, para garantir a continuidade da ascenção social no país.

Questões técnicas também podem influir no volume previsto de investimento no Bolsa Família.

O próprio Ministério do Desenvolvimento Social considera baixo o corte de R$140,00 para definir pobreza (a cesta básica variou de R$172,00 em Aracajú a R$254,00 em São Paulo, segundo o Dieese). Temos que concordar com isto. O correto é considerar o próprio salário mínimo como o divisor de águas. Afinal, porque ele é chamada assim, de salário mínimo.

Se houver reformulação neste cálculo, a conta aumentará proporcionalmente. E isto é um dado que não pode ser desconsiderado.

"Outro dado que deve ser registrado é o da participação desproporcionalmente menor das mulheres, principalmente as mais pobres, no mercado de trabalho, em relação aos homens. A taxa de atividade feminina é de 51% ante uma média nacional de 67%. Já a taxa de atividade masculina é de 88% na média. Por isso a proposta eleitoral de Dilma em construir 6000 creches com verbas do PAC para 2011 tem seu significado, ainda que fique em patamares muito pequenos diante das necessidades atuais (82% das crianças até 3 anos estão fora de creche), pois abre possibilidades para o trabalho das mulheres pobres em atividades formais. As oportunidades de trabalho para as mulheres mais pobres têm que ser discutido amplamente. A luta por creches é, na verdade, a luta por mais oportunidades de trabalho para as mulheres, principalmente as mais pobres" (Len Lavinas, professora da UFRJ).

Amanhã trarei um estudo sobre a distribuição regional da pobreza no Brasil. Mais para frente poderemos discutir quais são as políticas ideais para a erradicação da pobreza (lógico que diversos programas estão em andamento e são eficazes, mas não invalida pensar soluções).

Falar não ofende. Silenciar sim, ofende a diginidade humana

Mais para frente vamos discutir a sociedade solidária











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