Velho Lobo
Ainda nos assaltam
A consciência, mas
Já não nos roubam
Mais a liberdade.
Ameaçam a paz,
enquanto
As crianças brincam
Nas praças,
E o frescor das manhãs
preenche o ambiente
dos domingos.
Como vês, tua saída
ainda não é
o fim,
mas um devir
um vir a ser.
Sim,
Velho lobo,
Tua parte
Está feita.
Mas
A luta pela vida
Nunca para.
Sempre se haverá
Por que lutar.
Fizeste teu melhor
Ainda que para alguns
só exista o pior.
Provaste
Que o diploma não é tudo
Que diante dos problemas se deve recorrer ao povo
Que é preciso sempre avançar
Sempre negociar,
Ser simples e esperto,
Ter os olhos abertos,
Os ouvidos atentos,
E a boca comedida,
Embora, às vezes,
Fuja da medida.
Mas,
Calar, nunca
Retroceder, jamais.
Por isso,
Velho lobo,
Foi bom o teu tempo.
Trouxeste todos
Muito perto de ti
Enquanto erguias os caídos
Os esquecidos,
Os criticados,
Os chamados
“vagabundos”.
Criaste uma redoma
Protetora de teu povo
Resguardando
O órfão e a viúva.
Falta muito ainda
E já vais...
Pensas que deixamos?
Que irás assim, sem mais?
Não
Nem agora
Nem nunca.
Não existe tempo final
Só a morte,
Esta companheira diária
É quem pode convidar
Ao descanso.
No mais,
Prepara uma varanda
E uma cadeira de descanso,
Mas não pense
Que já fizeste tua parte
Porque das ruas
Seu nome sempre ecoará
Como referência
De que
Deixaste o principal
A paz
A justiça
A Ascensão social
A liberdade
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