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Sábado, 1 de outubro de 2011. Sol em sampa



Sair para fazer as compras na feira livre, neste sábado, primeiro de outubro de 2011 em São Paulo, é quase uma festa, não fosse o comércio envolvido.

O sol está forte e convoca todos a saírem de suas casas, como se o céu conspirasse com o lazer do fim de semana.

Visto uma bermuda, camiseta branca, pego duas sacolas, e saio.

Logo encontro, chegando à passeio, o pai de uma vizinha, que ao ver-me de sacolas na mão, logo pergunta onde é a feira, pois sente saudade de nossos pastéis de feira.

Oriento que é em uma paralela da Barão de Limeira, centro da cidade, e vou embora cantando:

-Andei, andei, andei, e só...Xitãozinho e Xororó. Meu interior, do eu caipira.

Como Deus nos proporciona tudo tão de graça.

A presença de Deus é simples e bela... a calçada transforma-se, de repente, em um tapete da natureza.

Dobro a esquina e dou de frente com um canário, de cabeça vermelha e peito branco, pousado no chão, nunca antes visto por aqui.

Ao ver-me alça vôo até o primeiro galho, de onde passa a olhar-me curiosamente.

Faço-lhe um elogio:

Como você é bonito nenem! Todo de cabeça vermelha. Parabéns!

Vou em frente.

Ao chegar à feira, transformo-me no Rei, do reino da Barra Funda.

Todos, ao verem-me com as sacolas vazias, investem-se contra mim, com suas ofertas primeiras.

Fecho a expressão, sizudo, e agradeço indiferente, pois sei que lá pelo meio da feira o preço fica melhor, e os produtos também.

A pior situação que pode ocorre numa feira, é você comprar um produto, achando que ele é uma maravilha, e logo adiante, encontra outro igual, melhor e mais barato.

A frustração é imediata, e não há regresso para uma compra mal feita, sem exame prévio de tudo.

Experimento um morango sem agrotóxico e compro. Logo vejo um pedaço de melancia e tambem pego.

A sacola vai se enchendo, enquanto vou comprando.

A laranja está barata, pois a safra deve ter sido boa.

O abacaxi também. Compro um pérola.

Ao sair, diante das barracas de pastéis e caldo de cana,  vem a tentação de parar, comer, e beber.

Resisto, é cedo ainda.

Volto como um conquistador barato, que não precisa muito para ser feliz.

Venho observando tudo, como se fosse pela primeira vez.

A vida é um mistério, e poder contemplar este mundo, em sua complexidade e naturalidade, é surpreendente.

Agradeço mais uma vez a Deus esta oportunidade única de existir aqui e agora.

Amanhã não importa.

A cada momento o seu prazer.

Desaparecem as dívidas, os problemas, até as esperanças se amainam.

De volta à casa, meu cão vem encotrar-me primeiro, com sua alegria interrogativa: Por quê não me levaste contigo? Por quê deixaste-me para trás?

Peço ajuda à minha esposa para descarregar as sacolas, mais por vaidade dela ver as frutas logo, e surpreender-se de minhas compras.

Faço-a provar do abacaxi, já descascado, e preparo a melância em pedaços, não sem antes retirar, uma por uma, as sementes.

Meu cão, ávido por um pedaço, faz sua primeira experiência de melancia, e aprova. A um certo ponto paro por ele, que nunca pára, e venho para o meu blog, o Pó que vocês conhecem, para escrever esta experiência inédita a vocês.

Um bom sábado a todos, e um ótimo domingo.

Esta noite estarei indo ao Rio de Janeiro, para fazer um concurso amanhã.

Desejem-me boa sorte, e se acreditarem em Deus, façam uma oração por mim.

Obrigado.



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