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Visita ao Hospital pela Pastoral da Saúde

Estive hoje visitando os enfermos que estão na Ortopedia do HC de São Paulo.

O grande ensinamento de hoje vai para a tolerância religiosa e irreligiosa.

É preciso aprender a cada dia respeitar a diferença de pensamentos, tanto no que se refere às diversas crenças, como também entre os que crêem e os que não crêem.

Estudamos, nos aprofundamos nas justificativas de nossa fé, ou de nossas crenças, e vez por outra, encontramos pessoas com visões tão deturpadas,  posições tão cristalizadas, onde nada penetra, que acabamos por duvidar da possibilidade de um grande encontro de todos em tudo.

As nossa formação não existe para nos isolarmos, mas para nos unirmos, ainda que tenhamos diferenças.

Aí está o princípio da democracia mais radical, do socialismo, quem sabe.

É preciso ter uma conversão que comporte a todos, e não uma conversão particular.

Há sempre uma nova conversão para encontrar.

Quem se vê já convertido, está se desconvertendo ou inconvertendo uma crença particularista.

Estou inventando palavras para significados que não consigo explicar.

Penso que seja assim o desejo de Deus.

Deus não é exclusivista, nem sectário.

Ouço as pessoas dizendo que no céu não existe placa de Igreja.

Todos dizem isto: católicos, espíritas, protestantes, todos.

Porque então não trazer o Céu para a Terra, e também não nos importarmos com as placas da igrejas, quando nos relacionamos?

Ao visitar um dos quarto, encontrei um evangélico, e junto a outro enfermo, católico, quando refletimos sobre uma passagem do evangelho, Mt 22, 34-40, que diz que toda lei e os profetas se resumem no amor a Deus e ao próximo.

O texto tem muito ensinamento para extrair, mas o enfermo evangélico, em vez disso, passou a falar que nós católicos somos idólatras porque adoramos imagens.

A situação foi ficando cada vez mais difícil de se conversar até que desisti, pois não posso discutir com um enfermo, por formação pastoral, e porque é desproporcional eu ali, à vontade, e ele na cama.

Qualquer dicussão maior poderia prejudicá-lo em sua recuperação.

Concluí que ele estava com o pensamento esclerosado, não pela sua opinião, mas por fechar o diálogo com base nesta afirmação.

Situações como essa, eu encontro também entre os católicos.

Em outro quarto encontrei uma senhora evangélica, de nome Eudes, muito alegre.

Fizemos a leitura juntos e  refletimos sobre o texto com mais maturidade.

Ali percebi que a forma de reflexão e de expressão dela já é bastante diferenciada da minha, católica.

Preciso aprender com a diversidade.

É o novo Brasil.

Estes dias também teve um outro preconceito que ficou bem evidente.

Digo da discriminação que os amigos do PC do B estão passando, através dos ataques sofridos pela grande imprensa.

"Obscurantistas", "ultrapassados", "dinossáuros", "estalinistas" olha, não faltaram adjetivos para desqualificá-los.

Não é o Brasil que sonho, este.

Busco um grande encontro de todos, com a superação da miséria e da pobreza, numa união que concretize o sonho da igualdade com o amor, da verdade com o perdão.

Encontro que vença o preconceito, e que portanto exija de nós abertura e compreensão.

Sonho porque acredito nesta possibilidade.

Será preciso ser transigente e incisivo, equilíbrado e firme.

Sei que tenho ainda limitações para alcançar este perfil, mas persigo-o em meu dia a dia.

A idade vai trazendo esta nova enzima.

Serve de compensação para a entropia.


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